terça-feira, 19 de abril de 2011

Per

Não ceda.
Persista no erro, resista à tentação. Persista no que está presente. Permaneça.

Por onde caminha não há bifurcações, apenas as que você criou.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Anderson Aníbal

Gestalt

achou que era infinito e era fogo achou que era mais elevado e era rasteiro achou que era correto e era desordenado achou que era água corrente e era fervura achou que era especial e era diário achou que era domingo e era carnaval achou que era para sempre e era agora achou que era dormir e era florescer achou achou que era comum e era semi-árido achou que era caminho e era sede embriagante achou que era curto e era ouro e era pão achou que era enfeite e era simplicidade achou que era amor e era nada achou que era suicídio e era sorriso achou que era fim e era princípio achou que era mesmo e era reencarnação achou que era sólido e era sentimento achou que era rins e era timidez achou que era rua e era viés achou que era nuvens e era carvão achou que era bonito e era folclore achou que era rabisco e era assinatura achou que era poesia e era limite achou que era palavra e era pensamento achou que era rainha e era coração achou que era réptil e era sutil achou que era sutil e erarepetido achou que era amor e era soro fisiológico achou que era lágrima e era colírio achou que era assunto e era falta de memória achou que era elevador e era montanha-russa achou que era carro e era caixa eletrônico achou que era real e era motel achou que era que era herói e era moinho achou que era rei e era banido achou que era gay e era introspectivo achou que era fome e era ferro fundido achou que era peixe e era cavalo marinho achou que era rápido e era cardume achou que era muitos e era sozinho achou que era proteger e era perder achou que era outro e era ele mesmo


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Momentos invisíveis

Aquele rapaz de cabelos vermelhos está olhando, por trás do livro, o rapaz de jaqueta escura sentado no canto da sala. Mas ninguém viu. Eles vão se falar mais tarde. Mas ninguém vai ficar sabendo.

Nem todos os momentos são visíveis. As estátuas, por exemplo, lentíssimas.


Do livro: Alguns leões falam

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Homem-menino

Homem menino, há quanto tempo lhe espero, e ainda assim as horas que restam para lhe ver me apertam.
Que desinteresse há em você, que as coisas mundanas se fazem superficiais. De outra espiritualidade, raptou a minha alma e prendeu-a, para soltá-la toda vez em que nos encontrássemos.

Menino homem, o que fez com meu coração que sofre por você? Com o meu corpo que chora pelo seu, com a minha razão que se anula com a sua? O que deu em mim; eu, que fraquejo sempre quando lhe vejo. Um dia sim, um não, um cumprimento, uma promessa, alguns desencontros, uma visita... Um dia sim.

Homem, o quê de homem me despertou um desejo, debaixo dos tapetes? Talvez fosse preciso ser outro alguém para tal, mas não é. Parece-me bem, fez-me satisfeita.

Menino, suas palavras são as únicas capazes de me encantar, e sou aquela que se apaixonou por você. Um, dois, vários suspiros, consecutivos. Fale mais.

Você me cativou, e apenas você.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Pronome

Você. Você que cresceu. Você que me deu alegrias. Que me leu com cuidado. Que escreveu em um papel: "sou seu"; você de outro gênero. Você que sorri. Que diz sobre amor. Que têm olhos de carinho. Você que se fixa. Que se prende. Que amarra o olhar. Você que segura o ar. Que o solta num suspiro. Você que perde o fôlego. Que se cansa. Que se envolve. Você que dança escondida. Que ri. Que sente. Que não demonstra. Você que eu percebo. Que eu noto. Que eu vejo. Que eu cuido. Você que me trata. Você.

Tu. Tu que estais a me amar. A me calentar. A me abraçar. A me confiar. Tu que estais a me salvar. A me tirar do desapego. A me desassossegar. Tu que sabes do que eu gosto. Do que eu ouço. Do que eu finjo. Tu que me conheces. Que me é. Tu que me pertences.