sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Noite

(O céu...)
Sombrio, não se faz indiferente. Faz-se impaciente.
Escuro, não se está imutável. Colore-se.
Longo, não se vê limitado. Supõe-se infinito.
Silencioso, não se ouve sua voz. Fala-se distante.
Ornamentado, não se toca. Destaca-se.

Quebra-se o ruído de sua constância. O negro torna-se azul, marinho como o mar - reflexo de si -, voltando-se para a cor da paixão, em meio ao dourado do toque, e ao azul da esperança de um novo dia.

O céu das cinco da madrugada rompe-se, derrotado, com a fúria do Sol. Adapta-se, então, para a próxima noite de habitualidades.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Olhos a curta distância

Se todos os olhos vissem como os meus, demais pensamentos seriam dispensáveis. Uma bela garota seria a perfeição, a poucos centímetros do meu rosto.

Detalhes de um corpo excitariam um coracão, e a nudez seria mais do que tesão pelo desejo. O tato aguçaria, com um rosto a poucos centímetros do meu.

Um estorvo me embaçaria; no entanto, da inquietação faz-se quase uma dávida. O que torna-se tão nítido, a poucos centímetros dos meus olhos, desenvolve-se cego, longínquo.

Visão que se confude, porém, enquanto detalhista, a tão poucos centímetros, enxerga o que não viu. A cegueira que delimita e acusa, talvez, apaixona-se pelo cego à frente.

Ventos

Alguns ventos carregam areia em seus olhos, balançam a cegueira das rugas em seus braços. Marcham suave, e seus pés levam a solidão de um carinho às avessas.

Alguns olhos, secos, irritam-se, em confronto com o vento. Aqueles protegidos - molhados por dentro - se resguardam, vencedores - um amor duradouro. Os vencidos choram - molhados por fora -, em virtude de um escudo atingido, corrompido - a paixão.

Fortes ventanias abrem caminho para os fortes, os determinados e cheios de tesão pelo sentimento: os que amam amar, que se apaixonaram pela paixão e se encantaram com o encanto do encontro com o livre desencontro. Este é o prazer.