sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Noite ou vida

Alguém não dormiu bem durante a noite. Teve o sono agitado e sonhos turbulentos. Remexeu-se o tempo todo, e sentia calor... E frio. Calor... E frio. Enrolou-se nas cobertas erradas, e a colcha estava já caída no chão. Se acordou, foi de madrugada, porque assustou com um barulho ou foi erro do relógio biológico mesmo. Se despertou-se, foi na hora errada da manhã - cedo ou tarde demais. E a sonolência não vem quando esses pequenos surtos de realidade acontecem: está deitado em uma cama, olhando para o teto, para o ventilador, para as cortinas ou apenas para a escuridão; para as silhuetas monstruosas que tomam forma durante a noite, dos móveis do quarto. E pensando, divagando sobre a vida, sobre o dia, como se fosse possível flutuar, como se houvesse uma neblina - nada é claro demais, mas tudo é concreto demais. E adormece novamente. Como se a realidade tivesse dado espaço à fumaça da inferência: o que é sincero nesse sono?