terça-feira, 29 de junho de 2010

Paisagem

Lhe digo que o que se encontra debaixo da pele é apenas o que importa. O que o tempo resseca, o tempo renova. Quando há feridas, há amor, há vida.

Que a neve envolta por cascas, árvores, folhas e sangue é a precipitação dos devaneios mais longíquos que o vento pode ir.

Que as gotículas de orvalho também levam consigo a procriação, assim como um olhar terno, e um sorriso de paz. Um sentimento foi criado, foi transformado, foi gerado. Nasceu, e não morrerá tão cedo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A eufonia do rei ressentido

De repente, tudo o que me restou foi a realidade de uma realeza; reis e rainhas que regiam sobre mim a revolta do ser.

O que raios ratos e ruas faziam ali... Retiravam-se das tocas trocas e das ruínas. Reviravam as ruelas atrás do perdido: recuperar o respeito dos risonhos, tristonhos e de seus sonhos.

Respiravam o ar rarefeito, enquanto relembravam dos reis e das rainhas, e tudo que os restou, de tudo que os lembraram, de tudo que o rapaz ronronou e a língua enrolou.

sábado, 12 de junho de 2010

O limite de um sonho

Olhei para o relógio e os ponteiros pareciam querer fincar o meu coração. Diziam que tempo me faltava, que tempo me sobrava, que tempo eu não saberia coordenar... Não em um lugar como este.

Adormeci e sonhei que estávamos deitadas, apenas. Eu a admirava como quem crê veemente que está sonhando; e de fato estava. A realidade é deveras cruel para aqueles que amam como eu. Desejei que não sentisse o mesmo, mas também quis ter esperanças. Chorei quando acordei.

Porém se a cada dia me vejo em uma vida que parece não me pertencer mais, é ao seu lado que quero estar. Criarei muitas outras palavras somente para descrever o quanto você é especial para mim. "Gostar" está me limitando.

O dia em que eu abrir os olhos e me deparar com o seu rosto, ternamente vou acariciá-lo, e dizer o quão linda você é. Beijarei seus olhos para provar ao tempo que o sonho veio à tona. Que a realidade também pode ser deveras adorável para aqueles que amam como eu e você.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Suposições

Que quando suspirei profundamente ao ver-te, aspirei o ar dos loucos, e hoje assim estou: louca. Cegamente louca.

Que quando fechei os olhos para estar junto de ti, adormeci; como se não me deixassem ter tal tipo de sonho.

Que quando afinei as cordas do meu violão, pensei que logo te conquistaria tocando algum romance do Beatles; mas minha voz não saiu.

Que quando supus um sentimento, não foi em vão.

Porém quando busquei reciprocidade, estava querendo demais.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sofia não sabe.

Por mais cuidadosa que Sofia fosse, sabia que seus passos ecoariam na rua toda. Claro, eram seis horas da manhã de um domingo, e estava solitária.
Nem mesmo o céu quase azulado, num meio termo de cinza e azul marinho, animaria a garota.

Sofia sabia. Nada disso teria acontecido se tivesse fugido na primeira oportunidade. Cada pé que põe fora de casa é uma chance, porém ela sempre soube que frustrada ficaria por muito tempo.

Sofia sabia que tudo tem um motivo para acontecer, mas ainda assim indagava onde se perdeu.

Por mais preocupada que Sofia estivesse, sabia que seria descoberta.

Sofia amou, e se calou.