quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Outros ares

Pude então respirar um amor o limpo. Ler suas palavras e sorrir sem lembrar de nenhuma dor.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Chiqueiro imaginário

Quis ficar sozinha, mas nem isso consegui. Com tanto amor à minha volta, estive cega pelo o meu próprio. Sim, posso subir até o ponto mais alto do mundo e gritar "Eu me amo!". São certas coisas que jamais compreendi, ou não quis aceitar.

Quem quiser a minha companhia, convido ao meu chiqueiro pessoal. Amarei incondicionalmente a pessoa que conseguir enxergar além da sujeira. Sou a porca que ali vive, se alimentando do que estiver à frente. Como o que eu quero, e se não gostei, cuspo e deixo apodrecer.

Pensei que eu estava fugindo do tempo, mas não há pior pessoa para enganar senão eu mesma. Confundo os caminhos, me perco nos corredores, vejo o que não existe, e caio em abismos nos meus sonhos. Sempre fui péssima mentirosa, mas estou surpreendendo-me. Isto aqui é um labirinto ou uma estrada reta? Pois não entendo a diferença.

Saiba entender-me como me entendo, e prepare-se para se perder.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Reflexão III - Expansão

Desde quando aprendi a amar, não consegui evitar sua expansão, até mesmo por quem não merece o meu amor.

Conto de fadas

Queria que soubesse, e quando soube, foi pela minha mais sincera narrativa.

Desatei as palavras do mesmo jeito que se desata um nó na garanta, e desabafei profundos desabafos, mesmo após ter desabado sobre ti.

Confessei pequenos feitos, e assim o fez também. Toquei em suas cicatrizes, e foi como reflexo, finalmente fitou-me, e assim o fez também. Compreendemos os reais significados destes atos. Entendemos os nossos sentidos mais aguçados, já que foi preciso muito tato para tal.

Quando cheguei ao fim do conto, abraçou-me como quem se despede de um grande amor, e com suas mãos sobre as minhas, fechamos juntas o livro de contos de fadas, onde todos os finais são felizes (para sempre).

Alguém

Bastou eu estar assim, vulnerável, para cair de amores por alguém. Quando percebi, meus olhos só enxergavam em uma única direção, e meus lábios já estavam cansados de sorrir por esta paixão.

Este alguém que algo me prometeu há tempos, e vem cumprindo e descumprindo todas as suas juras (as de amores foram feitas apenas por mim... mentalmente).

Este alguém que só por existir tirou-me das profundezas dos oceanos e mostrou-me como é belo o céu azul, como é agradável a brisa, e como é infindável o mar. Mas sem ninguém por perto, a água torna-se fria, a imensidão apavorante, e apenas um certo alguém me vem à mente. O único capaz de me salvar.

Pensar neste alguém me confunde, pois sei que é a pior pessoa por quem eu poderia me apaixonar, porém completa além do vazio. Não me dá chance para ver os vestígios da morte, apesar de estar me assassinando cada vez mais.

No fim estarei pior do que eu estava no início.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Vergonha

Body and soul, I'm a freak
(Silverchair)


Agora que o único dos loucos se foi, sobra a mim a vergonha.
A vergonha de se envergonhar do próprio rosto.

A raiva que me consome, e destrói meu corpo. A ira e a distração, que são apenas os reflexos do espelho, quando um novo dia começa, e o auto-flagelamento também.

Vou me esconder até a próxima vida começar, porque não há graça ou ânimo quando se é uma aberração.

Pequeno desabafo I

Acho que estou me apaixonando pela única pessoa que eu não deveria.
Eu não deveria. Não mesmo.

Prontofalei.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Estranhamento

Quis te adorar à primeira vista, mas nosso encontro foi estranho demais para que se concretizasse.
Estranho estranhamento, em poucas semanas estava alucinada por seus olhos.

Os mesmos que me olharam apenas uma vez com alegria, e o restante com indiferença. Foi o bastante para a minha obsessão.

Tentei cuidar de sua sanidade, tão parecida com a minha, com pequenas palavras, curtos momentos, e singelos convites... descartados.
Procurei o que seria preciso para distrair-te da dor, mas, por um único segundo, cogitou a minha companhia. Apenas.

Nada fez-me desistir. Ansiei os momentos em que eu seria a única pessoa com quem poderia contar, e seria o suficiente para provar que estou por perto para que sorria. Não precisa adorar-me em troca. Apenas fazer do meu sorriso recíproco.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Devaneios errados

Pois é, o tempo passou veloz por mim. Se assim foi, a culpa é minha de não ter prestado atenção no seu vagaroso tiquetaquear. Admito: foi proposital. Afundar mais nas profundezas do espaço me consumiria por completa. Alcançaria a minha alma. Sabe como sou sensível, garota estranha, enxergo as coisas diferente da maioria; não aguentaria mais 24 horas de dor, então decidi reparti-las em meses, até acumular força suficiente para suportar um dia inteiro de pura atenção. Não, ainda não cheguei lá.
Se paro para analisar os minutos, eles me dirão o que estou perdendo. Volto a apressá-los - Que o ano passe depressa, por favor!

Esses momentos em que estive paralisada, foi evidente ao mundo quem verdadeiramente sou. Minha compulsão invadiu todas as minhas rotinas. Nem com um brinquedo de distrações em minhas mãos elas ficaram quietas. Não sei de nada mais... É uma doença? Há um ano venho tratando de 4 formas diferentes, e a principal não se manifestou ainda. Desisto? De fato, a única pessoa que me ajudou a acalmá-las um dia, foi quem as enfureceu mais do que jamais estiveram. Seriam suas mãos sobre as minhas para saciá-las de vez. Apenas as suas. Volte para mim, e me ajude. É o único capaz de curar as minhas feridas.

Não quero esperar outro ano para ver as marcas desaparecerem, a vontade surgir, e o esquecimento também. Em particular, não quero este último. Nada mais parece certo. Ou estou errada, ou é mundo que está contra mim.
Por que, se eu vi que não morreria de amor, estou com pensamentos suicidas agora?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Sono

Adoro bocejar até sentir meus olhos lacrimejarem. Levantar na mesma hora e ir tirar um cochilo.

Agora sim posso dormir eternamente. Sem nada mais atuando. Apenas o desespero e o sono juntos.

domingo, 29 de novembro de 2009

Forte o bastante

Porque eu estive tentando sobreviver ultimamente, não sei. Pelos meus queridos amigos e familiares, talvez. Busquei em cada um algum motivo forte o bastante para que essa vontade de viver se fizesse enfim real em mim. Forte o bastante para que um coração bata por si só.

Vejam, cansei dessa caminhada sem identidade. Não é porque me admirei com as flores que encontrei, que posso pegá-las para mim. Não é porque as frutas das árvores que me deparei parecem deliciosas, que posso comê-las. Não é porque um gracioso cachorrinho curzou meu caminho, que posso acariciá-lo.

Não é porque alguém certa vez me cumprimentou com olhos distintos, que posso querer um beijo seu, um momento seu, mais olhares seus.
Não é porque fitei várias pessoas com o mesmo olhar distinto, que vão querer me corresponder; se sim, não será forte o bastante para desejarem algo de mim. Sempre disse que era o único louco que soube fazê-lo.

Se em algum instante fui feliz, me veio uma depressão três vezes pior. Não valeu a pena, creio. A recíproca nunca será forte o bastante para algum equilíbrio.

sábado, 28 de novembro de 2009

Poeira

De fato comecei a sentir sensações empoeiradas, mas tive medo de limpá-las, então deixei o trabalho todo para o vento (ou o tempo).

Enquanto caminhava pelas ruas agitadas durante o anoitecer, sentia o calor do ambiente, e tremia ao narrar para mim mesma o meu próprio conto. Certamente, o pó que estava sobre esse nervosismo insistia em se desprender, mas quis que permanecesse ali. Não me faria bem, não posso me entregar; eu me conheço melhor do que ninguém.

Refleti sobre minha rotina, se é que assim ainda pode ser chamada. Lembrei de belos sorrisos e risos, e em como me cativaram à segunda vista. Hoje são os dois mais encantadores para mim. Apenas hoje, neste momento. Ah, ando um pouco flexível ultimamente, admito.

Certezas e situações que antes me apeteciam tanto, são estranhas agora. Estão, felizmente, submersas na poeira. Pensei nunca ser capaz de chegar a este estado, o que sempre busquei. Mas naturalmente veio a mim, como o tiquetaquear feroz e sutil do tempo. Oh, não sei o que pensar a respeito disso. Deixe que cuidem da sujeira.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Amigos

Como realizar essa vontade imensa de fazê-la sorrir? Os olhos pequenos e tristes, a feição desanimada e o cigarro nas mãos, espalhando o cheiro todo em mim. Agoniada, contou-me como um disparo no que estava pensando, enquanto tentei imaginar o que realmente era. Previsível... Talvez.

Há meses descobri o que é o amor. O que nunca percebi é que sempre estive assim. Sou apaixonada pelos enlaces que somos capazes de criar. A facilidade de amar é um dom, mas a intensidade de senti-lo inteiramente é inédito.

Me apaixonei pelos meus amigos. Troco os meus diários risos para que sejam felizes, num segundo de escolhas, sem nem pensar. Tomo até os mais singelos motivos para o ódio e prometo escondê-los em mim, para o bem de todos.

Vou amá-los e deixar que me amem também. Obrigada por cuidarem de mim.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Espetáculo

Ouvi boatos sobre um grande espetáculo que está por vir. Dizem que será apenas uma breve cena, envolvendo cordas e efeitos especiais, para polemizar, com certeza! Em uma pequena cidade, tudo o que é distinto encanta e espanta.

Será apenas uma única pessoa atuando. Não é uma atriz, foi o que me disseram. Não cantará uma música ou tocará algum instrumento, muito menos é artista de circo para impressionar-nos com seus malabares. Será uma de nós? Quem?

Conhecendo o perfil dos organizadores (temos uma vaga noção de quem seja, são apenas rumores), será algo tão mórbido e proibido como incesto e sado-masoquismo juntos. Há uma pessoa favorita destes homens, se me lembro bem.

Mas os dias se passam, e as palavras se perdem nos ecos das ruas escuras, rebatendo nas paredes dos becos, entrando nos ouvidos dos moribundos. Estes são os mais ansiosos, não os curiosos da cidade. Os que vagueam solitários pelas noites esperam ver seus destinos representados em um único ato: tão dramático quanto as suas vidas!

O palco começou a ser montando, e a multidão já se aproximava. Quando anoitecer e a mais brilhante estrela se destacar na abóbada celeste, começará o show. Alguns deram faltam de uma pessoa, para outros passou tão despercebido como um vírus se apossando de suas células (se manifestará dias depois!).

Acendaram uma única luz branca, absorvida pela cortina preta que escondia o palco. O silêncio foi absoluto, e cada movimento era audível. Mas nada sobre o espetáculo.

Em uma brusca agitação, as cortinas se abriram, e atrás delas estava uma simples garota da cidade. Amada por alguns, indiferente para outros, odiada pela minoria restante. Estava sentada em uma cadeira, em um ambiente cheio de cordas presas ao teto; incontáveis serpentes que balançavam seus rabos com o vento; mas uma em especial: uma corda vermelha, amarrada em um círculo, com um nó perfeito.

A menina subiu na cadeira, e encontrou seu pescoço perfeitamente ajeitado para enfiar a cabeça. Mas não o fez. Olhou para o céu, e esperou começar a chover, como se soubesse que aconteceria. As gotas que caíam das cordas, alagavam o chão. Estranhamente, a corda vermelha chorava sangue, assim como a moça. Uma poça densa escorria.

Passou o pescoço pelo círculo, e a multidão assustada gritava pedidos de negação, mas a garota ignorou-os. Junto com um estrondoso raio, chovendo sangue, deixou que seu peso atuasse, pendurada na corda. A luz se apagou, e tudo ficou à luz das estrelas. Num ímpeto, acenderam-as novamente, e em uma faixa branca estava escrito "Ansiavam pelo meu suicídio!".

Nenhum som mais importava, ou atitude e palavras. Para as pessoas que a amaram, sim. A chuva vermelha misturou-se com as lágrimas, agora de sangue. De fato queriam vê-la morta, disso todos sabiam; mas não a tal ponto. Sumbestimaram um sentimento e uma pessoa.
A garota perdeu seu toque de ouro até sua morte.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Estoy harta de...

Estoy harta de sentir. Hace un año que encuentrome con mil razones para estar triste, cuando las que me harán bien nunca las veo. Cuando es un buen motivo, no sé como, pero consigo extenderlo durante meses, y cuando percibo, ya estoy depresiva.
Estoy harta de ansiar por la depresión, de sentirme sola, y preferir la dor que al vacío. Son pequeñas y discretas cosas que hago conmigo misma que son los más claros reflejos de mi conciencia.
Además de todo, estoy harta de amar aquellos que no son capaces de hacer de eso sentimiento recíproco. Son amores imposibles y que nacieron para terminar cuando yo estuviera dispuesta a entregarme por completa.
Estoy harta de estar harta de todo. Por un rato, quiero relajarme, poner mis auriculares en mis oídos y oír solamente a la música. No a mis pensamientos, o al ruído de las calles. Apenas a las guitarras de Travis.


Perdón a mis compañeros del curso de español, me retrasé para postar un texto en español, y el día de comentar en los blogs ya ha pasado. Todavía espero que lean, como dicen que lo hacen. Gracias.

domingo, 15 de novembro de 2009

Comunicação

Quero falar sobre a música que não sai da minha cabeça, sobre as pessoas que conheci ultimamente, sobre ter me queimado no fogão, sobre o último filme que vi, sobre o que pretendo fazer semana que vem, sobre meu melhor amigo, sobre os meus remédios, sobre as minhas vontades, sobre o chocolate que comi, sobre os motivos da minha tristeza, sobre os momentos de nostalgia, sobre o colégio... Sobre o meu amor.

Quero falar todos os dias somente sobre isso sem ficar cansativo; sobre o tanto que tenho saudades, sobre as coisas mais bobas, sobre os melhores e os piores momentos, sobre ter descoberto o amor, sobre querer morrer a cada instante, sobre temer a depressão, sobre detestar a vida, sobre chorar só de ouvir "a" palavra, sobre a angústia, sobre a raiva, sobre não ser nada recíproco, sobre o tanto que as pessoas mudam, sobre o quanto eu sou idiota, sobre querer e não querer correr atrás, sobre o desânimo, sobre a teimosia em continuar com a minha atual alimentação, sobre minha compulsão, sobre admitir que não quero uma vida saudável, sobre realmente pensar em pular em frente a um carro, sobre querer me drogar, sobre a minha auto-estima, sobre o que estou perdendo, sobre duvidar que isto passe algum dia, sobre as coisas que eu poderia ter feito, sobre estar sozinha nisto, sobre querer em vão o meu amor de volta.

Me mate logo com palavras cruéis.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Doença emocional

Emotion sickness.
Addict with no heroine.

(Silverchair)


Não quero que nada mude. Não quero passar por esta fase. Diga-me como voltar!
Insistem em me contar a maior mentira de todos os tempos.

Não há nada de proveitoso nessa transição. Nada que eu pudesse acrescentar de bom em minha vida; só aprendi que dormir é o remédio mais aliviante, que a depressão está mais perto do que eu jamais pude imaginar, que o desleixo nos deixa pior do que o normal, e que realmente sou masoquista.
Eu realmente não queria me conhecer tão profundamente, justamente para que isto não ocorresse.

Bloqueio de criatividade

Como deve ser bom não ter bloqueio algum para se expressar; ou que essa expressão se dê inteiramente através de sorrisos.

Quem me dera o tempo ser ligeiro, e ansiolíticos em excesso não fossem prejudiciais à saúde.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Involuntário

Desceu do ônibus apressada e cansada, junto com sua mãe. Correu o olhar para o último passageiro, e foi correspondida, acompanhando-o até sair de sua vista. Não pôde evitar de sorrir.

- Por quê está rindo?
- (Após tanto tempo consegui sentir confiança apenas com um encontro de olhares; rir e gozar da minha mais boba e espontânea felicidade. Um belo garoto me sorriu, é por isso.)
Nada. - Não conseguiu mudar a feição, e soltou gargalhadas involuntárias. - Não me pergunte, senão rio mais!

A imagem do menino não lhe saía da cabeça, provocando mais risos; de alívio e de desejo. Escondeu-os, enfim.

- Ria mesmo. Anda tão desanimada... Pode rir! - E a mãe segurou-lhe as mãos até o caminho de casa.

sábado, 7 de novembro de 2009

Eufórica

A impulsividade e a ansiedade andam juntas. Não consigo separá-las, nem amenizá-las.
Um belo momento de aleatoriedades trouxe a maior das compulsões: a euforia.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Utópicas

São duas, as belas garotas que invadem meus devaneios. Certamente não as permiti, mas são fortes, não submissas ao meu amor. Impossíveis e inaltingíveis.

A naturalidade veio com o tempo, como aqueles belos cabelos dourados hipnotizam-me cada vez mais.

Errei em crer que poderia desistir de desejar-te. Nem as mais sinceras juras de amor serviram como solução. Se eu ficar cega, cega de amor, cega de desejo; não poderei vê-la, só assim.

Imaginar-me com a moça do toque de ouro, leva-me a sofrer de paixão intensa, meramente momentânea. Os surtos que meu coração há muito tempo (em outros braços) não sentia; curtos e utópicos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Platão VI - Distração

Endiabrada platônica,
por que voltou?
Permaneça aí,
afastada e fria,
longe de mim.

Teu olhar fixo é o mesmo,
mas aquele teu belo sorriso,
teu riso...
Mudaram.
Continua a mais bela para mim.

Insiste em fitar-me ainda.
Sinto teus pensamentos soltos,
antes imprevisíveis.
Perdeu o encanto;
não me é misteriosa mais.

Oh, distraí-me de ti
durante um tempo.
Mas meu olhar
gosta de rodear-te.
Insano, eu sei.

Admiro-me com tua exuberante capa,
irreal, imperfeita.
Saiba que hoje olho-te indiferente.
Ou minha mente radicalizou-se
ou foi ti.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Declínio

Ainda é difícil não te chamar de amor. Estou com muito medo de roubarem você de mim. Pra que você quer que eu tenha outra pessoa? Oi amor. Não vou te abandonar, você ainda é a minha melhor amiga. Confie em mim, vai dar tudo certo. E ainda seremos velhinhos desprezíveis e insuportáveis juntos. Não, não vai passar, nosso amor é eterno. Só não esquece que te amo!

Fico tão feliz pondo namorando no Orkut de novo! Estou me entregando a você. Um dia você desiste da possibilidade de me esquecer, porque eu já desisti faz teeeeempo. Beijo, meu bem. Pena não saber te ajudar. Um beijo, louco pra te ver! Não tem como, amor. Confia em mim. Te amo, demais! E queria muito te ver. Estou ausente porque estou triste. Já estou vendo que não vamos longe. Não quero essa eternidade de brigas, mas não quero ficar sem você. Se terminassemos, poderíamos ser amigos e sair esporadicamente? Meu amor por você não vai mudar. Acho melhor a gente dar um tempo mesmo.

Quero alguém que respeite meus gostos. Ruim com você, muito pior sem você. Mas quando eu lembro das suas carinhas bonitinhas, de quando você é lerdinha, ou quando você sem brigar mostra que eu estou errado, eu percebo que não quero outra pessoa. Eu não vou ser feliz é vendo você nos braços de outro. Sempre disse, você não sabe o que fala. Nada muito regular por enquanto, mas quero continuar te vendo. Eu quero sair com você por saudades, eu preciso te ver! Eu fico morrendo de peso na cosnciência de não ter saído com você. Se eu ver você com outra pessoa eu me mato. A situação apenas se inverteu.

Oi. Ei. Vou ignorar seus comentários depressivos e auto-destrutivos de hoje em diante. Não demore pra me ver. Mas eu não posso te ver? Quem liga em ser racional? Mas eu não aceito. Esquece que ela existe, por favor? Por enquanto eu quero ficar sozinho. Te amo mesmo, mas não vou namorar pra ficar sofrendo e brigando. Mas acho que vai me fazer mal... Te fazer mal. Juro que não estou te enrolando.

Tenho medo da gente ficar assim pra sempre. Eu não sei o que quero. Tem 10 meses que eu faço tudo pela gente! Estou começando a desconfiar que tudo tem que ser momentâneo. Tudo o que eu quero é ser feliz com você, mas agora não dá... Eu realmente preciso de um tempo. O meu amor é pra sempre seu. Eu só preciso resolver algumas coisas. Confia em mim! Você acha que eu também não estou morrendo, e lutando pra manter minha cabeça no lugar? Mas eu estou cansado, e não vou mudar uma vírgula por enquanto.

Fiquei assustado com seus textos. Aquele dia eu chorei demais. Eu não sei nada, estou indeciso quanto a tudo. O mundo apenas deu uma voltinha. O que eu senti era o apogeu... Mas agora já se foi. Não quero tomar nenhuma atitude precipitada. Não te amo mais como antes.


Créditos à Dani, pela ideia do formato do texto.

Suicídio

Não creio que o suicídio seja covardia. Talvez sejam covardes aqueles que desistam logo nos primeiros dias de intensa dor, ou de grandes dificuldades; os que nem ao menos tentaram.

Não é a ausência de intenções que faz da vida de uma pessoa um poço infindável de sofrimento. Ela pode até querer sair de lá, porém quanto mais tenta escalar, mais escorrega para o fundo, de encontro com o forte baque que é o chão, ou a morte; mais conhecida como limite. É a tênue linha entre as últimas coisas que a deixaram viva, como a família e amigos queridos, e a paciência de ter persistido até então. A vida pode ser extremamente insuportável, e tentar lidar com isso é a tarefa mais complicada de todas, pois as razões, os motivos e os sonhos se foram, e tudo torna-se mecânico. Viver apenas com a oportunidade mais viável que surge.

Ao ultrapassar o limite, penso que não existe outra solução, senão a morte. Enquanto a pessoa continuar viva, afundará cada vez mais na sua depressão, e então será um morto-vivo. A dor tornou-se maior que qualquer amor existente, e não tem nada mais que a prenda aqui. Não será feliz nunca mais. Morrerá por amor.

Não tenho uma mente suicida, nem conheço uma. Talvez eu saiba um pouco sobre seus princípios, mas estou indecisa.

domingo, 1 de novembro de 2009

Ápice

Eu tive o vislumbre de uma nova alternativa, cheia de esperanças e forças em si. Mas ela quebrou-se, no momento em que lembrei que após o ápice, a tendência é apenas diminuir. Talvez suba novamente, mas nunca voltará ao máximo.
Qual a esperança disso, agora? Serão esforço, tentativas e lágrimas em vão.

Impulso

Uma imagem pode ser bastante impactante. Ainda mais quando já está se recuperando de um forte baque.
As reações são distintas, impulsivas, agressivas, aliviantes ou tranquilizantes. Consequências do choque, com certeza. São sensações momentâneas, que só passam ou com o tempo, ou no impulso.
Nem sempre é o mais inteligente a se fazer, mas desabafar o coração ajuda a acalma-lo.

sábado, 31 de outubro de 2009

Tic-tac

No momento, minha maior vontade é pular em frente a um carro em um trânsito apressado, enquanto espero ansiosamente pelo tic-tac final do relógio.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Tola

Minha maior vontade é sumir, fugir para um lugar onde eu não me lembre muito bem de quem eu sou, de quem eu fui.
Ou de simplesmente arrancar meu coração fora, pois deste jeito ele não pertence a mim. Sou humana, e sofrimento assim vai além de todos os conceitos existentes.

Mate-me logo com a crua verdade. Diga que não me quer mais, e não me deixe, tola, ficar esperando palavras utópicas. Prefiro agora, do que a longo prazo.


Novamente: me contaram a maior mentira de todos os tempos, e não quero provar que é verdade.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Amor V - Inconcebível

No meio de todo esse alvoroço, só sei de uma coisa: não quero perdê-lo.
Por ser de baixa estatura, meu campo de visão é limitado. Mesmo correndo em todas as direções, o mais alerta possível, não consigo encontrá-lo. Mas não posso perdê-lo de vista!
Questão de vida ou morte de minha alma.

Encontrei a pessoa que me fez ter vontade de viver. Agora ela se foi, e não sei nem em qual direção. Preferia perder um braço, mas não isto; ele.
Se sumiu desta maneira, é óbvio que não quer me encontrar. Não quero acreditar na realidade. Não posso. Não vejo como. Inconcebível. Acabaram de me contar a maior das mentiras. Pronto.

O que posso fazer, eu já fiz. Gritei do ponto mais alto da cidade pelo Amor, e não obtive resposta. A questão é que não consigo ficar parada vendo meu amor ir embora. Levou junto, de uma vez, a minha alma.

Clichê

O dia passa, com a estranha relatividade do tempo, até o momento da paz de 4 horas. Insuficiência em administrar os horários, mesmo assim estar acordada é torturante.

Nada mais clichê do que dizer que sinto tijolos sobre os meus ombros, e que meu coração foi baleado há semanas.

A abstinência de uma alma tornou-me ranzinza. Não nasci para o nervosismo; é a exata mudança que não quero que aconteça. Devolva-me a minha calma e a minha fala, pois não sei mais o que ando murmurando pelos cantos.

domingo, 25 de outubro de 2009

Felicidade barata

As vezes penso se eu deixar as emoções e os sentimentos me enganarem, terei uma felicidade barata e intensa, mas em poucos momentos. Ser forte e persistir contra, trará muita mais dor, mas quem sabe uma alegria verdadeira posteriormente...

A questão é que ninguém quer sofrer, e estes "risos para depois", não se sabe quando se manifestarão. Resta-nos esperar pacientemente. Paciência já foi uma virtude minha, que está em declínio ultimamente. Não me lembro de ser tão ansiosa, com tantas manias para amenizar a pressão.

É este tempo até os momentos bons (pois é o ciclo da vida) que me mata, que me deixa nesta agonia, neste nervosismo. Ando para todos os lados mexendo em tudo, e ao mesmo tempo em nada. Minha cabeça, enquanto permaneço sentada durante horas simplesmente admirando meus dedos, fica a mil, viajando para quaisquer situação, desde as fúteis até as mais profundas. As soluções nunca se apresentam. Elas me deixam na vontade, me provocando, com estes feixes de felicidades baratas. Me enganam, me tentam e me ganham.

Realmente não sei mais para onde direcionar meus pensamentos. Se um dia eu tive metas ou planos para o futuro, se perderam no labirinto sem saída que se tornou a minha mente. Apenas sigo o presente e as minhas obrigações, no primeiro caminho que me aparece.


N.A.: Não estou mais preocupada com o vestibular, enquanto estive uma pilha por conta disso desde o início do ano.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Carta ao amor

19 de outubro de 2009
Doce amor,

Sinto muito por enganar-te desta forma, mas esta é uma carta pré-suicídio. No momento em que renegou-me a felicidade, a televisão nunca pareceu-me tão cinza, as pessoas nunca estiveram tão distantes, os livros escritos com letras tão ilegíveis, e o papel com formas tão ameaçadoras. Sinto o medo sempre presente, e o esquecimento também. Medo de que esqueça minhas singelas palavras.

Não há razão para permanecer acordada, porém dormir é aterrorizante. Não são os pesadelos, é a sua ausência em meus sonhos. Esquecer-te jamais, pois nunca esteve tão dentro de mim, e meu amor por você adentra cada vez mais no infinito.

Mas o que fazer? Peço perdão pela minha incapacidade, mas creio ter avisado-te antecipadamente sobre minha falta de ser. Acredite, fui feliz. Também sofri, e como sofro! Mas jamais, jamais negarei seu poder sobre mim. Coitados aqueles que colocam a negatividade do ódio sobre este doce amor. Não arrependo-me, mas alegro-me simplesmente de ter vivenciado o mais puro e belo de todos os sentimentos com tão poucos anos de vivêcia. Entristeço-me em perder meu último e mais precioso feixe de alegria. Perder a alma; nem assim seria pior.

Sinto falta de todos os aspectos. Acredito não ser uma sensação recíproca, mas sim aliviante. Como me perco em seus olhos quando sabia que me fitavam com carinho; e deu seu abraço feito sob medida. Das vezes em que, abobados, ficamos deitados, sorrindo, para deixar um pouco da paixão escapar, de tão imensa, ora conversando normalmente, ora pelo olhar. Lembra da nossa primeira e mais inocente noite juntos? Ao acordar disse-me "Você está aqui!", me abraçou e fechou os olhos novamente, com um leve sorriso.

Como fui ingrata! Você me deu o mundo; seu mundo, e eu fui fria por não perceber. Minhas desculpas dou junto com meu sangue, por serem maior que meu corpo. Tudo relacionado ao doce amor vai além de qualquer matéria física ou entidade espiritual. Simplesmente é o amor. Ensinou-me a ver a simplicidade da vida, e cega de orgulho não vi. Qual a diferença entre ver e enxergar? Creio não ser possível avançar no auto-conhecimento por agora, senão esta carta não será nenhum aviso prévio, será o próprio.

Mas que poder tenho sobre as suas decisões? Quero que seja feliz, compensando o que não fomos, em partes. Sabe como não desejo o mal a ninguém. Eu não te conheço mais e vice-versa.

Será eterno meu primeiro amor. Sempre iludi-me em ser o último, mas eu sei, não é assim. Minha condição, única, não se adepta a nós no momento.


Meu doce amor,
te amarei até minha última gota de sangue.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mãos

19.10.09

Seja firmando a caneta sobre o papel, ou segurando um mero copo d'água, minhas mãos fraquejam. Automáticas em seus ágeis movimentos, instintivamente seguem a rotina. Momentos imprevisíveis diriam há semanas o óbvio, mas graças à razão também lhe fascinam o azul - o bastante para ser intocável.

Mãos trêmulas escrevem sobre o medo, enquanto as fracas descrevem o desespero. Estas aqui contam sobre o amor. Diria eu que são as mãos mortas de Deus (lembrem-se: o dedos de ouro!).

Veja as cartas de amor, quanta paixão estão em seu conteúdo. Platão já passou por aqui, assim como o homem em pessoa. Ao longo do tempo ganha-se experiência, e eis a mais verdadeira que balbuciaram estas mãos; em escritos eternos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Álvares de Azevedo

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

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Amor

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

domingo, 18 de outubro de 2009

A lâmina II

Celebro nosso aniversário em meio ao sangue a às lâminas; mais brilhantes do que jamais estiveram.

Buraco negro

Abaixe a cabeça, e tampe seus olhos com as mãos, enquanto seus cotovelos estão apoiados na mesa. Não pense que estão molhados. O que está úmido são seus pensamentos; quando derramados sobre o chão, corroem-no.
Um buraco negro que não dá chance nem para a luz, leva junto a minha alma.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Zumbi

Estou tão cansada, com tanto sono... Como eu queria continuar acordada! Ter forças para pensar, e paciência para aguardar o descanso.
Não quero estar desligada! Posso continuar falando? Pequenos feixes de sanidade, microscópicas ilusões de felicidade, grandes ondas de esperança e a verdadeira decepção.

E não me cale. Devo estar afastando os risos, mas não vou ficar parada esperando a bela música entrar pelos meus ouvidos. Vou até ela, brutalmente como um zumbi.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De que adianta?

Sanidade enlouquecida, pare de me perseguir. Rejeitei-te por agora. De que me adiantará permanecer sã, quando minhas mente e alma estão apodrecidas?
Alguém grite de mim! Deixe que os sons saiam pelos meus olhos, pelos meus dedos, porque minha boca encontra-se lacrada.
Procure as palavras certas, quando estiver em condições apropriadas. Espera... Tarde demais. De que adianta agora? Perdeu-se na loucura, no excentricismo, nos violões, nos outros mundos, nas amizades e no amor.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

[ ]

Não consigo me conter. Não gosto de espaços em branco.

Amor rasgado

O tempo previsto passou, e me sinto mais que pronta! Excitada, eu diria. Com este futuro tão promissor que vejo à minha frente... Sinta minha ironia, por favor.
Não consigo carregar uma alma tão inocente, com tanta malícia e malignidade. Rejeito-a, pois. Mato-a depois.
Com tanta simbologia, perdi-me em meus devaneios secretos. Adotei um novo estilo de vida, diferente do usual, e ainda sou distraída pelo velho.
Não é para ter sentido, estes escritos, apenas para ter páginas molhadas, manchadas de tinta vermelha.
São parágrafos sem ordem, sem cronologia, mas cada letra possui seu devido valor. "Entenda-me", dizem; "Entendam-me!". Em vão.
Os dias passaram, o descanso se foi, mal sucedido. Agora que o amor está tão rasgado, posso me matar?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O dia dos exaustos

Como é estar sem forças, sentindo-se meio grogue, sem o poder de continuar com o braço erguido?
É o dia dos exaustos; seus efeitos colaterais.
Apenas sinta.

sábado, 10 de outubro de 2009

Vinho

Ah, abra a garrafa de vinho! Vamos comemorar!
Comemorar o fim das esperanças, dos sentimentos sobreviventes, e do rancor restante!
Só nós dois, em sua casa, como havia me prometido. Encontrariam-nos no ápice do amor, meu bem. A noite que tanto esperávamos.
Amor rasgado, seria. O amor manchado de álcool.

Aquele vinho estragado que tanto insistia em beber está fazendo-me passar mal, novamente. Me ajude, certo? Não quero estar assim sozinha.

Derrame-o sobre os meus pés, e faça-me espernear. Gritarei e farei escândalo, para te contrariar. Então veja quão grandiosa foi minha mudança, ao não te dar um tapa no rosto.

Mas só deixarei que me beije se a bebida for só nossa. Exclusivamente nossa. Então faremos nosso amor rasgado.



Lembre-se! O dia do descanso dos exaustos se aproxima. Duplique a dosagem, ou mais.

Bolha

Sucumbiu dentro da bolha, e com persistência (ou não), está nadando contra todas suas próprias correntezas para alcançar o fundo do poço.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Águas

A fim de limpar seu vazio, encontrou o refúgio da indução de lágrimas. Ali ficou por poucas horas, quando reconheceu ser maior que o próprio buraco. Este já cheio, de tanto chover nesses dias nublados e sombrios que encobriam sua situação.
Uma decisão repentina faz-te acordar e mudar de espaço, pois a caminho do destino encontra os verdadeiros choques modernos. Analisava com carinho o anel que lhe foi presenteado por um homem - simples -, e que olhava fundo em seus olhos. Mas sentia o peso desse olhar em seus dedos, além da gélida brisa que apavorava mais ainda a alma perturbada.
A conduta da indução levou-a à verdadeira cachoeira, perdida em selvas distantes, onde apenas corajosas (ou medrosas) pessoas encontrariam.
Em meio a tantos significados, tantas interpretações, tantas pessoas e sons, achou, finalmente, o melhor refúgio de todos que havia experimentado. Ah, seus remédios foram rebaixados, mas os exaustos não esquecerão!
E aqueles lábios que não lhe foram prometidos àquela noite... Encostaram em seu rosto, em seus lábios. Os lábios que eram seus amores e horrores. Onde se perderam, céus. Estes que balbuciavam em seu ouvido, beijavam-lhe na nuca...
Enquanto subia para o triste caminho para casa, solitária e parcialmente afogada em seu poço e em sua cachoeira perdida, imaginou o imaginável. O pior que sua mente poderia proporcionar. O masoquismo sempre atraiu suas especiais atenções; mas não nesta noite. Exausta, não queria estar assim. Não construiu uma represa. Veio pensando nas melhores ideias para liberar as correntes, mesmo que seja metaforicamente, da maneira mais estranha que pôde fazer, mas nada, nada que realmente transparecesse o fundo do buraco. Água suja, é o que as cidades fazem.
A própria água que contamina seus ideais, e que purifica seus valores e inspirações.
Sucumbiu entre as bolhas, e com persistência, está nadando contra todas suas próprias correntezas para alcançar o fundo do poço.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Exaustos

Como uma alma semi-morta, assim caminham os exaustos.
Exaustos de continuarem despertos. Não há felicidade quando os olhos estão abertos, porém fechados.
Ao encostarem as temerosas cabeças em seus respectivos travesseiros, únicos, em cada sonho saem os verdadeiros risos; talvez em meio a grunhidos durante o sono, murmurarão pequenas risadinhas que chegam aos nossos ouvidos.
Durante o dia mal aguentam o peso de seus corpos. Os ombros feitos de pedra fazem com que os exaustos fiquem curvos interiormente. Mas ao chegar a noite, ansiando pela suavidade, no ápice de sua cor, perdem as esperanças de encontrá-las. Vagam incessantemente sem saberem o que estão fazendo. Estão cansados demais para pensar.
Os exaustos estranham o vazio que há em seus sentimentos. Anormalidade para fases tranquilas, um salto com pequenos toques.

Dormir eternamente, é o que querem. Descansarão na paz que sempre buscaram.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Aquário

Aquário,
beije-me com seus lábios de vidro.
Atente-se para que não trinque;
não quero sangue ou sua água em minha boca.

Divina é a luz.
Os raios de sol adentram os doces mares;
graças a isso,
diga olá aos seus telespectadores, peixes.

Pinte o aquário de preto,
e toda a luz será absorvida.
Pinte-o de branco,
e os feixes serão refletidos de volta.

Escolha esconder-se.
Faça com que as pessoas vejam o superficial.
Este vidro transparente,
não é tão óbvio assim.

Pinte de preto, mas finja ser branco.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ventos

Os ventos levam as folhas e as dores aos esbarrarem em árvores e pessoas.
Pessoas sentadas nos galhos de árvores, ao se esbarrarem nos ventos, lançam seus risos juntamente com as pétalas de flores.

Alegria facetada

A alegria facetada que sai de minha boca são ecos de murmúrios e lamentos vindos do meu interior.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Desorganizado

Quanta desorganização.
Quantas coisas!
Como uma pessoa vive nesta casa?
Apenas um louco seria capaz.

Este louco que aos poucos poria tudo em seu devido lugar,
aos poucos,
sem demora e sem pressa,
em seu perfeito ritmo.

Assim sucede a limpeza de sua própria casa.
Apenas sua.
Apenas para seu interesse;
não para estas visitas loucas que batem à porta.

Um dia...
Tão perto e tão longe...
verá que existe, sim, um tapete na sala!
Agora arrume-o, louco.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Camilo Pessanha

Caminho

I

Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque só é madrugada quando chora.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Passos

Escuta-se os fortes passos no piso de madeira, apressados, inquietos, penetrando os ecos da vazia casa. Passos que interpretados dirão o quão rápidos querem estar, mas que vistos verão o quão solitários estão.
Afundam o assoalho de tão grosseiros, de tão altos, de tanto berrarem em busca de passos semelhantes; ou tão infelizes quanto. Querem companhia, querem um som a mais. Estão cansados de ouvirem seus próprios sapatos todos os dias, todas as noites.
Andam em círculos, vagueam pela casa, adentram nos cômodos; em vão, sabem disso, pois não há nada naquela vazia casa abandonada. Tudo o que havia de precioso foi-se. Objetos que o tempo levou, lembranças que vidas passadas esqueceram, e vestígios de amor. Os passos cessam ao verem aqueles mesmos rabiscos escritos na parede da sala; aqueles feitos nos tempos em que os passos eram tranquilos, delicados e serenos.
Estes passos não aguentam mais andar. Querem liberdade, querem estar do outro lado da porta; mas sempre que tentam escapar, são rebatidos pelos seus próprios ruídos. Querem sair, mas não querem abandona-la.
Passos amigos nunca os ouvirão. Nem a súplica salvará.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Penhasco

Vou cair do penhasco!
Ao tropeçar em meus próprios pés,
o que me salvou foi esta corda que me prende ao topo.
A gravidade está me puxando de volta à Terra...
Minhas mãos estão fracas,
suando,
vermelhas,
e sangrando.
A cada pingo de sangue que sinto cair em meu rosto,
mais me desprendo.

E agora que estou no chão,
com meus ossos quebrados,
nem chorar de dor consigo mais.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ódio II

Ah, mas eu mato todos hoje.
Essa sede por sangue que eu nunca havia sentido...
Quero o meu,
o seu,
de todos.

Quero quebrar este meu coração de vidro com a mãos.
Sentir os cacos perfurarem minha pele,
e o sangue escorrer.
Então vou passá-lo em meu rosto
e deixar o ódio fluir.

Silêncio! II

Sem formalidades.
Fiquem quietos e me deixem pensar.
Estou ficando irritada e cansada.
A cada palavra, mais no fundo me vejo.
Preciso do meu próprio incentivo, e já basta o apoio alheio.
Agradeço o amor, mas agora é o próprio que não vem.
Portanto, calem sua bocas.
Raiva é a última sensação que preciso.
Não aguento o cansaço, quem dirá a ira!
Estão me desanimando.
E ainda acham ruim o meu refúgio?
É o que mais preciso - ficar sozinha.

Silêncio! I

Senhores, silêncio!

Suas vozes ficarão roucas.
Quanto mais sussuram,
murmuram,
apenas distante venço.
Estou perdendo meu senso;
e insisto que calem suas bocas.

Que cessem as cobranças...

domingo, 20 de setembro de 2009

Impulsos

E agora?
A ansiedade acabou saindo em meio a impulsos.
Ah, me declarei pra belas pessoas,
sentimentos passaram,
continuo me punindo,
dei um tempo ao amor,
matei-o,
ressucitei-o...
Para que mesmo,
se estamos de volta ao começo?

Comodidade

Não quero mais escrever poemas.
Se tentei ser algo, fui mal sucedida, sim.
Tentei ficar de pé, mas a poltrona sempre foi mais cômoda.
O que fazer quando os pés começam a sangrar de tanto nada fazerem?
Assim não dá mais para caminhar, nem levemente.
Cairá de joelhos, e logo será sua cabeça no chão, envolta pela poça vermelha proveniente de seus pés.
Não tente chegar onde sabe que não chegará. Este esforço sempre foi em vão, conhece os fatos.
Ah, e verá como dirão "Te avisei que não aguentaria."
Se nem ao menos acreditei em meu potencial, por que eu esperaria confiança alheia?
Repito: criança egocêntrica preguiçosa que só o que faz é chorar.
Sua vida é triste, pois não respeita nem as três leis da felicidade.
Conhece seus erros. Por que não tratá-los?
Entendo... A comodidade. Coisa difícil de se cuidar.
Ora, garota, levante-se!
Seus pés se acostumarão, e o sangue cessará.
Aguentará a dor por mim?
Não, sofra. Merece toda a dor do mundo. Sofra, fisicamente.
Só de ser quem é, é um sofrimento. Agora arque com todas as suas consequências.
De nada entende, de nada sabe, de nada conhece. Que pessoa fraca...
Tão frágil que sinto vontade de pegar e apertar, até os cacos de seu coração perfurarem minha pele.
Quanto exagero...
Mas se a vida não a agraciou, será pelo esforço?
Conhece essa palavra?
Sente-se atada a essa cadeira?
Perca seus pés sentada.
Escreva seus sentimentos.
Não se esqueça de mutilar seus braços, suas costas e, principalmente, seu rosto.
Nunca vi tão bonito sangue em minha vida.
Deixe suas olheiras mais escuras que o normal.
Perca o resto de sua saúde.
Abaixe sua imunidade.
Logo não cairá nenhuma gota sequer.

Não vê que enquanto não se levantar dessa maldita poltrona sua vida será uma derrota, um abismo sem fim, depressões e melancolias, um fracasso em todas suas ações?
Ainda questiona o por quê de ser tão feia, em todos os sentidos. Não merece nem uma unha de seu corpo, ou um dia sequer de sua vida.
Sinto nojo de mim mesma. Insensível ou irônica?

Tenham certeza de algo: vou me calar, me isolar.
Não terão motivos para reclamações, para críticas, ou qualquer outra coisa.
Volto ao meu pequeno mundo depois de um ano...
Mas não foi uma luta sair de lá?
Foi uma conquista, mas não encontro mais motivos para permanecer aqui.
Se tenho que me fortalecer, sozinha o farei.
Dependência é comodidade.
Solidão é independência de pensamento.
Em vez de insensível, irônica.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Paulo Leminski

Distâncias mínimas

um texto morcego
se guia por ecos
um texto cego
um eco anti anti anti antigo
um grito na parede rede rede
volta verde verde verde
com mim com com consigo
ouvir é ver se se se se
ou se se me lhe sigo?

_______________________________

O mínimo do máximo

Tempo lento,
espaço rápido,
quanto mais penso,
menos capto.
Se não pego isso
que me pega no íntimo,
importa muito?
Rapto o ritmo.
Espaçotempo ávido,
lento espaçodentro,
quando me aproximo,
simplesmente disfarço,
apenas o mínimo
em matéria de máximo.

_______________________________


Signo ascendente

Nem todo espelho
reflita este hieroglifo.
Nem todo olho
decifre esse ideograma.
Se tudo existe
para acabar num livro,
se tudo enigma
a alma de quem ama!

_______________________________

Merda e ouro

Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam padres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.

_______________________________



"O ideograma de kawa, 'rio', em japonês, pictiograma de um fluxo de água corrente, sempre me pareceu representar (na vertical) o esquema do haikai, o sangue dos três versos escorrendo na parede da página..."

amei em cheio
meio amei-o
meio não amei-o

______________________

rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?

______________________


choveu
na carta que você me mandou

quem mandou?

______________________

temporal

fazia tempo
que eu não me sentia
tão sentimental

______________________

tudo dito,
nada feito,
fito e deito





Do livro: Distraídos venceremos

domingo, 13 de setembro de 2009

Auto-crítica

Ironicamente triste;
surpreendentemente risonha;
previsivelmente desanimada.

Risos

(09/09/09)

A risada sai facilmente,
Faz-me feliz,
boba
e alegre.

A gargalhada vem de pouco pensar.
Esqueço-me, enfim,
das preocupações
e do íntimo.

De tantos risos, choro.
O acúmulo de pressão
em meu coração...
Ah... explodiu.

A onda,
apenas para mim,
finalmente transpareceu;
enquanto continuo a rir.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Confusão

Há dias meu coração
nunca esteve tão audível.
Apenas recostando-me
ouço grandes tambores e a mim.

Trêmula, joguei a todos
minhas mais confusas palavras.
Impulsivos segundos de insanidade
tonaram-se horas.

Incerta de minhas certezas,
divago sobre minhas mentiras serem verdadeiras.
Talvez egocêntrica demais
para admiti-las.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Reflexão II - Felicidade

Se a felicidade vem de três etapas -
uma vida cheia de prazeres e satisfações,
ser um homem livre e responsável,
e um filósofo, questionando feito criança sobre o mundo -
sei bem onde estão meus erros.

Se as virtudes são os meios-termos de ouro,
nem de mais, nem de menos,
o difícil é chegar nesta parte.
Sei por onde trilhar,
sei onde quero estar.

O equilíbrio determina o bem-estar.
A felicidade e a virtude provêm deste.
A metade de uma longa linha, chamada caráter.
De um extremo ao outro,
a vivência é o que move.

Amor IV - Sobriedade

Palavras agressivas,
ações subentendidas.
De que valem as intenções,
mesmo bem intencionadas?

A raiva já não me controla,
mas o cansaço tomou posse.
Persisto no erro,
ou no que me faz feliz?

Estou com medo do que me aguarda;
de ler o que me escreveu.
Estou desesperada,
enquanto, trêmula, choro.

O amor não move vidas,
mas dá uma razão a viver.
E um amor febril?
Eu sei, estou quente.

Só quero meu amor
e nossa paz de volta.
Não esqueça de trazê-la,
junto com a sobriedade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Felicidade instantânea

Felicidade instantânea.

Tamanha sua grandeza
que não poupei sorrisos.
Não coube essa sensação em mim,
e aqui estou.

Orgulho e alegria
me irradiaram.
Mas sentimentos grandes e intensos como este
vão-se rapidamente.

Foi apenas uma felicidade instantânea.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Palavras

Desprovida de palavras.
Sim, cheguei a este ponto.

Indescritível,
é como te percebo.

Não cobre-me o que não consigo,
mesmo se em minha mente
sua beleza está clara.

Entenda... Para chegar ao clarão
encaro um escuro corredor,
que protege o que há de mais bonito e real em minha vida.

Amor III - Meu amor

Meu amor,
vê a grandeza?
Sente este calor,
enxerga a real beleza?

Como um rio,
suas águas de vão;
e nada em vão.
Se foi o vazio.

Roubou meu direito.
Completou-me com sua metade.
E muito bem feito,
fez disso nossa verdade.

Mas foi preciso ser bandido?
Amigo, venha comigo.
Seja meu abrigo.
Não terei um amor vendido.

Não há possível estética
para nossos corações.
Sim há nossa própria ética
que convoca belas ações.

Agora veja,
sinta o ardor.
O auge do amor
é o que almeja.

Compartilhamos de extremos sentimentos,
mas não temos vaidade.
Nestes momentos
persiste a espontaneidade.

domingo, 9 de agosto de 2009

Arrebatadora

E essa paixão repentina
que me arrebatou?
Criam-se dúvidas até em meus sonhos.
Amores inacabados,
ou apenas doces ilusões futuras.

Moça, persista.
Acorde e tente enxergar sua sorte.

sábado, 8 de agosto de 2009

Minha imagem

Estou me desvirtuando.
Ao alcance de minha própria imagem,
estou quase lá!
Onde foi que me perdi?
Minha individualidade,
minha personalidade,
minhas qualidades,
viu-as?
Avise-me, por favor, se encontrá-las!
Não quero que volte a ocorrer.
Não quero indentificar-me na insanidade,
tresloucada.
Em perfeita consciência,
sei que voltarei a sentir-me confortável
e amável.
Até lá,
meu corpo está,
lentamente,
aprendendo a descansar
desta terrível tensão
que condena-me, literalmente.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ódio I

Hoje sinto-me em desgaste.
Minha pele está vermelha
ou já roxa.
Minhas mãos incrivelmente inquietas
demonstram minha compulsão.

Mas o que esse ódio
que vem da diversão e
dos costumes alheios,
e do meu amor,
tem que tanto me afeta?

Olhei para a Lua pela terceira vez
procurando minha paz,
minha calma,
e encontrei-a olhando-me torto,
e previ minha queda.

Esta sensação
tão forte
deixou-me descontrolada.
Alterou-se loucamente
em meu usual sentimentalismo.

Hoje sinto-me,
mais uma vez,
afundando.
A Lua visitou-me inteiramente,
e finalmente, condenei-me.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Equilíbrio

É preciso um equilíbrio entre as forças do bem e do mal.
Imagine o oposto.

Entre o desleixo e a vaidade,
o controle e a compulsividade,
a ilusão e a realidade,
a calma e a ansiedade,
a tristeza e a felicidade,
a utilidade e a inutilidade,
tendo ao pior.

Estou persistindo em meu equilíbrio,
mas é uma corda bamba.
Mesmo após tantas quedas,
ao subir desequilibro,
caio,
e afundo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Jogos

Ambos por Kylmer, o urso.

Lasciva e minorada,
Uma doce alma sem paz.
Iluminada, eu senti
Zonza, porém, és tu,
Apaixonada pelo imoral.

__________________________

Lírica, lenta, calma e só.
Uma intocável alma voraz.
Iluminada nas sombras, carente de dó.
Zombar é de fato o que a satisfaz.
Ao menos enquanto se afasta do fim,
Luiza se banha em um sonho carmim.

Reflexão I - Diferenças

As diferenças dos homens
causou a ira de alguns,
o interesse de outros,
e a minha confusão sobre ambos.

O Sol

Logo cedo,
acordei de meus pesadelos;
agora ofuscados pelo Sol,
mas relembrados em devaneios.

Uma súbita emoção que me alucina,
em segundos da mais pura sanidade.
A alegria, em meio a risos furtados,
desperta-me de um sono pesado.

Levanto-me com lembranças
de noites turbulentas,
mas repiro fundo,
tranquilizada por um calor aconchegante.

Este Sol, durante o dia,
nunca se esconderia de mim.
Sinto-me mais segura,
pois, ao amanhecer, sempre está de volta.

Antes de se pôr,
mesmo durante seu grandioso espetáculo,
é meu maior ouvinte,
e consigo prosseguir a refletir.

A Lua

As noites cegaram-me
e pude apenas me escutar.
Minha testemunha é a Lua,
que tornou a surgir para mim
após esta perseguição.

Admirei-a com o olhar.
Fitei-a e condenei-me.
Estive, durante esta corrida,
a pensar,
a refletir sobre a escuridão.

Desde então,
a Lua, com seu melhor aspecto,
visitou-me pela segunda vez.
Conclusões não ainda feitas,
mas que o Sol está a raiar, está.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Paciência

Amigos,
tenham paciência comigo.
Caminho vagarosamente,
mas meus passos são gentis.

A rotina costumeira
faz-me passar despercebida.
Com meu leve gênio,
estou aqui!

Não faço questão da velocidade.
Estou a decidir seu ritmo.
No médio, pois,
com minha característica esperteza.

Suplico, meus caros,
tenham paciência comigo.
Estou no final já,
sem pressa alguma.

A lista

Eu quero...
Quero meu mundo!

Quero me amar,
compartilhar,
almejar,
conquistar,
sonhar alto,
me libertar,
tolerar,
amadurecer,
crescer.

Quero o ápice do amor,
uma beleza única,
paciência,
pesistência,
força,
coragem.

Quero querer.
Quero conseguir.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A lâmina I

A desaprovação de quem admiramos
é a rejeição, por si.
A incapacidade de um ser
é o desastre de sua existência.
Vida repleta de falhas.
Não soube encarar as fronteiras.

Então pedi por meu sangue,
Pedi cegamente por meu sangue.
- Quero vê-lo. Quero vê-lo!
Busquei pela lâmina,
porque as outras maneiras eram ineficazes,
tamanha a decepção que tive por mim mesma.
Estava pronta,
mas minhas mãos tremiam,
e meus batimentos aceleraram.
Sim! Estava apavorada.
Medo do meu sangue.
Um fino corte em minha pele,
e nada.
Outro fino corte em meu dedo,
e nada.
Outro... Não!
E a lâmina caiu.
Minha ansiedade não se dissipou.
Minha angústia permanece.
E a desaprovação
merece o meu sangue.

Quanta covardia,
pequena monstra.

domingo, 26 de julho de 2009

A onda

Me sinto tão medíocre.

Estou abaixo da superfície.
Estou afundando.
A pressão está aumentando.
Os sons estão distantes.
Ouvi meu nome?
Não... Seja realista.
Estou afundando.
Meus pensamentos...
estão...
confusos.
Onde...?

Me sinto tão vulnerável.
Aquela grande onda me derrubou,
me fragilizou,
e não sei como voltar até superfície.

sábado, 25 de julho de 2009

Animal

Animal estranho.
Suas pintas avermelhadas,
que crescem rapidamente,
assustam até o mais delicado ser de sua região.
Provocadas por uma maldição
proveniente da melancolia,
da inferioridade,
da ironia de seu ser,
e da maldade humana.
Suas garras perfuram o ponto mais profundo
de seu próprio coração;
sem dó.
Intencionalmente?
Sua mente dominadora o obrigou.
Pobre animal.
Escravo de seu subconsciente.
Dentro de sua prisão está sua alma,
impossibilitada de dirigir-se ao rei supremo.
Como discutir sobre melhorias, já não sabe mais.
Animal estranho
que vê prazer em seu sangue,
em sua pele rasgada,
em suas cicatrizes,
em qualquer técnica que o transforme
em um monstro.
No ápice de sua formação,
refugiou-se em sua falsa depressão.
Alojou-se lá,
sentindo-se reconfortado
e inquieto.
Local onde despertou.
Soltou sua alma de sua prisão,
e permitiu-se ser selvagem.
Agora...
Monstro, onde está a saída?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

(In)Segurança

Segurança
que me persegue,
me condena,
me violenta.

Insegurança
que me acolhe,
me acalma,
me agrada.

Sentimentos opostos para tal criatura.

A obra

Meu amigo,
seu pseudônimo é a arte.
Em suas prosas
estão as grandes obras.

Como uma pintura,
fico a analisar-te,
a admirar-te,
até me cansar.

Seu sorriso,
como o de uma escultura grega,
faz-te mais ainda
o meu Sócrates.

Mas com o tempo
a obra se desgasta,
e a minha compreensão esvai-se.
Como resgatar sua essência?

Não cabe a mim tal restauração.
Seu pseudônimo é a arte,
e como artista,
meu julgamento é sincero.

Gradiosa obra de arte que és, amigo.
Seus segredos estão ocultos,
assim como meu entendimento.
Continuo a adorar-te.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Amor II - Próprio

Amor
que inspira,
que desperta
e adormece.

Amor
persistente,
ardente
e provocante,

Amor
próprio,
pessoal
e impessoal.

Desgastante,
irritante,
óbvio
e violento.

Amor
que esconde,
encontra
e abandona.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Erupção

A noite
e o ócio me vigiam.

Novamente, garota?
Sim. Sempre.

Na prisão da rotina,
as marcas se extendem.

O vulcão branco em erupção.
Prazer, enfim.

A erupção.
Veja como ficou por onde a lava passou.

Da cabeça aos pés.
Vestígios da punição dos deuses.

O sangue jorrado,
desperdiçado.

Desperte!
O que foi este barulho?

São os trovões da noite
que me vigiam.

Consciência pesada,
dizem os deuses.

A lava cessou,
e a chuva acalmou.

E esta coceira que não passa?
O vulcão tornou-se vermelho.

As imperfeições provocadas
são fatos consequentes de sua derrota.

O vulcão
contra os céus.

Lide com sua erupção, menina,
antes que destrua toda a sua montanha.

E agora, o que foi?!
É o ócio que te ama.

terça-feira, 14 de julho de 2009

A última página do meu caderno

Ambos por Marina (Mochilão com pantufas).

Chama nada
Discursos embriagados. É o quê?
Assisto a todo tempo grudado
na TV

De palavras repetidas à
"vida" que assume papel
de mais cem.

Sinônimos intelectuais para
coisas simples fáceis de
querer entender.

O que todo mundo
que vê, mas finge nem
ao menos perceber.


________________________


Vivo em você.
Leio os seus olhos
que eu componho seus lábios.
Canto seu rosto.

Toco seu corpo
Recito suas pernas
Declamo seus joelhos
Vivo tua mente

Penetro em ti a semente
Passionamente seus
urros racham sua terra fértil
A chuva.

O suor de teu corpo quente, o clima árido.
Êxtase.
A plantação acabou.
É tempo de colheita.

Morro em você.

Poema sobre uma boa trepada
Participação especial de Ana Flávia e Isabela Seabra (Janela para o azul de cima)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Platão

És tão bela
com este seu olhar de desdenho.
Em meio ao caos
permanece com teu límpido rosto,
rosado.
Leve rubro, à minha, então.
Levante teus olhos aos meus,
e verá um longo desvio de conduta
com tua risada,
com tua atenção,
ou com tua calmaria, moça.
Adorável garota,
teus longos cabelos me puxam como se estivesse atada.
Leve consigo meus serviços.
Entrego-me a ti
quando me vires como amante.
Mas a conspiração é cruel,
a favor de minhas escolhas.
Alcibíades me entenderia.
Desejar-te,
teu intelectual, tua beleza, teu caráter, tudo,
faz-me suspirar,
fico sem ar,
perco meu chão e minha mente.
No entanto, bonita,
não te pertenço.
Não te pertencerei.
Meu amor não é destinado a ti.
Seu nome leva-me aos céus,
mas meu amado leva-me a Vênus.
Tens minha paixão, platônica.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Amor I - Fria

Fria
criança garota.

Errada pessoa.
Gélido caráter

O que tens contra o amor?
- Vivo-o. Amo-o!
O que fizestes com o amor?
- Amei-o.
O que dissestes ao amor?
- Que o amo.

Sincero sentimento
para aberrações.

O que o amor tem contra ti?
- Não o entendo. Não o entendo.
O que o amor fez-te?
- Amou-me.
O que o amor te disse?
- Que me ama.
O que o amor te disse?
- "Chama-me, bela moça. Chama-me pelo o que sou, e farei-te feliz."
Chamou-o?
- Apenas quando sinto seu nome.

Que fria és,
pequena monstra.

Febre

Meu corpo está tão quente.
Estranho contraste com minhas mãos frias
de minhas crias
internas.

Meus olhos estão secos.
Não chove há dois dias
em minhas longas vias.
Caia sangue.

Meus braços estão tremendo.
Intensa luta,
consequente multa
contra a batalha.

Meus dedos estão a cair.
Avermelhada foça,
minhas gotas viram poça.
Está no fim.

Meu rosto já está rubro.
Estou ofegante
nesse instante.
É a minha febre.

Minha punição,
compulsão,
impulsão,
e não minha intenção.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Barulho

Barulho.
Som externo,
não materno.

Ruídos
exacerbados,
abafados.

Audição
aguçada,
detalhada.

Calmaria?
Não,
toda em vão.

Êxtase?
Gritos
convictos.

Silêncio.
Presente
ou ausente?

Imploro
sua imensa
presença.

Barulho.
Inocência
de minha vivência.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Pai

Respire fundo, senhor
o ar é traidor.
Não tampe minha boca
senão, já oca, é a minha forca.

O que procede?
Nosso espanto?
Sei que está nas facas de minha cozinha
onde as encontrei, sozinha.

Senhor, agora caminhe pela minha casa.
Vasculhe meus cômodos.
Mas se me procuras,
e quanto às nossas juras?

Podem vê-lo, irmãs?
Eu sei, consciência.
Ao criador, eis nosso direito
avermelhado em nosso peito.

Rejeição

Rejeição
traga-me o poço das emoções.
Enchamos-o juntos
ou deixe esvair.

Diga-me o real.
Não tens o toque de Midas
não sinto o ouro sobre mim
mas sua gélida fala, sim.



Inacabado por falta de sentimentos.

Traição

Estou extasiada.
Traindo a mim mesma,
me encontrei extasiada

A janela azul

Além de minha janela
aberta, fechada, metade
vejo outra janela.

Atrás de sua tela branca
e de seu vidro,
sua cortina azul.

Observo meus homens
além de seus panos
vigiando-me.

Através de sua janela
aberta, metade,
condenam-me.

Fechada, amargurada.
O sol bate, reflete,
vem a mim.

Por entre a cortina azul,
meus homens espiam-me,
e fecham-se.

Compulsão

Acendam as luzes.
No desconforto do escuro
não consigo me ver
E os vultos de minhas mãos?

Melhor assim.
No clarão
sou viciada em meu corpo
compulsiva por minha pele.

Quem apagou-as?
São loucos?
Deixem-me assim.
Em meus devaneios obscuros, preciso de luz!

Volto ao branco
mas o negro permanece.
O meu corpo não cede
e meu controle desaparece.

Apaguem as luzes, imploro.
Acendam as luzes, me contradigo.
Não, cessar fogo!
Fecho os olhos, e assim está.