quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Acalma minha alma

Acalma minha alma,
mentora,
abranda minha alma,
com sua calma,
acalma sua voz que
me acanha,
que toca minha foz,
- foz do Tibre,
sente compaixão de mim,
diz onde estão meus companheiros -,
me acompanha que
eu sigo sua voz,
calma, se acalma,
me alcança com
sua alma,
me acalma com
sua algoz alma,
tormento,
que alcanço a
torrente de sua foz,
tormentoso rio
da linguagem,
do alento da,
leitura.
Literatura,
acalma minha alma.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Federico García Lorca - 3

María: No me preguntes. ¿Nunca has tenido nunca un pájaro vivo apretado en las manos?

Yerma: Sí.

María: Pues lo mismo..., pero por dentro de la sangre.



Do livro: Yerma

domingo, 13 de janeiro de 2013

Angústia alguma me agoura

Angústia alguma me agoura
como o cômodo me contém;
o homem cômodo ou
o cômodo alcova.
De tal esconderijo se enrijece
de prosa em poesia,
o hediondo ente,
ser, homem, âmago,
seja o homem ou o âmago.

Angústia alguma me agoura
da maneira que a mulher,
amante ou mãe,
amada ou amiga,
mulheres, estas, minhas,
me arrematam.

Angústia alguma me agoura
como a ave negra,
o mau agouro de Turno.

Angústia alguma me agoura
de modo que melancolia
seja previsão ou predição
de um futuro em furna.
Câmara, gruta, antro,
o âmago encarcelado.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Federico García Lorca - 2


Novia: ¡Porque yo me fui con el otro, me fui! (Con angustia) Tú también te hubieras ido. Yo era una mujer quemada, llena de llagas por dentro y por fuera, y tu hijo era un poquito de agua de la que yo esperaba hijos, tierra, salud; pero el otro era un río oscuro, lleno de ramas, que acercaba a mí el rumor de sus juncos y su cantar entre dientes. Y yo corría con tu hijo que era como un niñito de agua, frío, y el otro me mandaba cientos de pájaros que me impedían el andar y que dejaban escarcha sobre mis heridas de pobre mujer marchita, de muchacha acariciada por el fuego. Yo no quería, ¡óyelo bien!; yo no quería, ¡óyelo bien!. Yo no quería. ¡Tu hijo era mi fin y yo no lo he engañado, pero el brazo del otro me arrastró como un golpe de mar, como la cabezada de un mulo, y me hubiera arrastrado siempre, siempre, siempre, siempre, aunque hubiera sido vieja y todos los hijos de tu hijo me hubiesen agarrado de los cabellos!



Do livro: Bodas de Sangre

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Federico García Lorca


Leñador 2: Debían dejarlos.
Leñador 1: El mundo es grande. Todos pueden vivir de él.
Leñador 3: Pero los matarán.
Leñador 2: Hay que seguir la inclinación: han hecho bien en huir.
Leñador 1: Se estaban engañando uno a otro y al fin la sangre pudo más.
Leñador 3: ¡La sangre!
Leñador 1: Hay que seguir el camino de la sangre.
Leñador 2: Pero sangre que ve la luz se la bebe la tierra.
Leñador 1: ¿Y qué? Vale más ser muerto desangrado que vivo con ella podrida.
Leñador 3: Callar.
Leñador 1: ¿Qué? ¿Oyes algo?
Leñador 3: Oigo los grillos, las ranas, el acecho de la noche.
Leñador 1: Pero el caballo no se siente.
Leñador 3: No.
Leñador 1: Ahora la estará queriendo.
Leñador 2: El cuerpo de ella era para él y el cuerpo de él para ella.
Leñador 3: Los buscan y los matarán.
Leñador 1: Pero ya habrán mezclado sus sangres y serán como dos cántaros vacíos, como dos arroyos secos.




Do livro: Bodas de Sangre

Ao mestre

Mestre, minhas palavras. Quero dizer que lhe orgulho, agora. Dificuldades sempre existem no caminho, e eu aprendi que eu mesma construo o meu. Quase comecei a acreditar em algum Deus; os sinais já eram uma alarde, mas eu tenho meu próprio andar, e resolvi que somos pessoas diferentes. Pensei querer seguir suas pegadas, porém encontrei o caminho certo, dentro de mim.
Eu lhe procurei tanto, mestre, que em anos eu pedi um socorro que nunca veio a mim. Mas segui em frente, quis ser firme, e gravei em mim sua lembrança mais querida, para me lembrar da veracidade que suas palavras tiveram em mim, e da persistência que essas palavras devem ter em mim. E tem, mestre, porque eu consegui.
Preciso de mais. Dizer que do passado só se têm os rastros, as pegadas, que das pegadas feitas na areia, o mar levou, e que não adianta olhar para algo que já se esvaiu. O tempo não volta, mas o tempo renova os sonhos. Houve e haverão tempos em que eu só quero convencer ao outros que no me llames de pesada, Pepa, que estoy muy sensible. Quero chegar, mestre, chegar até você. À mesma paz de conhecimento.


Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.


Citações

Eu quero conhecer mais! Você rouba minhas palavras e minha respiração: juro que estou com falta de ar, a bombinha de asma está na bolsa, já vou pegá-la. Não seja tão dura assim comigo; eu não sei amar. Pare de tirar minhas palavras. Meu silêncio é meu maior ato. Adoro seu jeito sincero, até na despedida seu trejeito é sexy. Não acaba mais comigo, mais do que já estou acabada. Do meu lado eu só quero chorar em prol da covardia. Estou pisando em um campo minado. Sempre pode mudar. Queria te ver uma última vez.

Medo da noite

Estou lutando para conseguir dormir. Lutando nesta cama, nesta noite, tentando arranjar espaço entre as cobertas e as tralhas. Tentei também arranjar espaço para escrever na minha agenda, mas entre os rabiscos de promessas não há espaços em branco. Tentei telefonar para gente de longe, longo tempo que não os vejo, e as linhas que existem entre os pensamentos de cada um estavam ocupadas. Quase consegui tomar um banho, se a água da minha casa não estivesse suja de negatividade. Não lavei as mãos, nem o rosto e nem os dentes.
Ainda luto para adormecer, mas a escuridão está tentando me amedrontar, dentre tantas ideias, tantas poesias, tanta luz que o Sol nos traz de dia, sinto os medos se mancharem de vermelho, aos poucos. Ao longo da noite.