terça-feira, 13 de novembro de 2012

Vermelho

Meus versos livres são prosa,
e prosa é meu corpo.

Meu corpo é vermelho,
é poesia corrente.
É preto,
é verso em desuso.
Azul,
sinestesia.

Meu corpo é vermelho,
são versos de amor.

Minha prosa é vermelha,
é Vênus em ânima.

É Vênus em êxtase.

Meu escrito:
bucólico,
melancólico.
Por fim,
bélico.




sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Ninfa

Sobre a menina que mal entrou na minha vida e já está de saída. Veramente, ela nunca sairá. Mas creio que ela sabe disso.
Quando eu lhe disse que havia marcado um tom em mim, um ritmo simples, metáforas sonoras, como mariposa de sueño, te pareces a mi alma, y te pareces a la palabra melancolía, ela anunciou sua ausencia; y mi oyes desde lejos, y mi voz te alcanza.
Eu a conheci quando não quis coexistir a vida. Seu brilho áureo me cegou. E cega, eu, ela me ajudou. Me guiou, e seu brilho se tornou um amarelo alegre. Como o fogo.
Como o fogo, nosso relacionamento teve a exata duração de um cigarro. E de outras coisas. Não de um beijo demorado, apaixonado não; eufórico e exaltante; triste; y te pareces a la palabra melacolía; prisioneiro de uma cela dos elos sociais.
Foi uma menina que, se eu não a tivesse conhecido pelo adverso acaso, seria de palavras. De amizades confundidas e ocasionais. Quanta coincidência! Conhecê-la foi a melhor das coincidências.
Ela é melancólica, assim como eu. Uma literata, musa inspiradora. A ânima que me faltava.
Eloquência de menos, nos definiu.
Ela é atemporal, sem cronologia. É diacrônica. Seu tempo é o tempo do mundo e o tempo do mundo é o silêncio. Em seu nascimento, quis nomear as coisas do mundo e assim o fez. Criou uma história para cada coisa, para cada um, e até seu brinco dourado ganhou um conto que começou na vontade e terminou, dourado, em meus lábios. Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo. 
Aqui é o limite do meu conhecimento, da menina que me lembrava o Sol.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Francisco de Quevedo

Definiendo el amor

Es hielo abrasador, es fuego helado,

es herida, que duele y no se siente,
es un soñado bien, un mal presente,
es un breve descanso muy cansado.

Es un descuido, que nos da cuidado,
un cobarde, con nombre de valiente,
un andar solitario entre la gente,
un amar solamente ser amado.

Es una libertad encarcelada,
que dura hasta el postrero paroxismo,
enfermedad que crece si es curada.

Éste es el niño Amor, éste es tu abismo:
mirad cuál amistad tendrá con nada,
el que en todo es contrario de sí mismo.