Solidão
Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso
Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio
É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou
Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
domingo, 4 de agosto de 2013
Escuridão
Uma noite encontrei um mago que me disse sobre a escuridão. Desde então tenho este pavor. O mago me contou que no breu eu não veria nada, nada à minha frente nem nada na minha mente. Até meus olhos se acostumarem com o escuro do ambiente, ou da mente, eu não poderia saber o que poderia acontecer. Então eu temi, temi a mim, temi a meus pensamentos, porque eu não poderia controlar meus passos ou pensamentos se não enxergasse um palmo à minha frente, ou na minha mente. O movimento brusco ou delicado não seria diferente, porque a escuridão tudo engole. O pensamento agressivo ou carinhoso não seria diferente, porque a escuridão tudo suga. E esse mago me disse que a escuridão só passaria para mim quando o sol nascesse, não no horizonte, mas na minha mente. Desde então espero o sol nascer.
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