sábado, 29 de maio de 2010

Sentido

Era outra manhã de desespero meu, em que nada fazia mais sentido senão estar deitada. Não existia melhor calor que o das minhas cobertas, ou maior conforto que o do meu travesseiro; até mais do que belas palavras. Como se meu objetivo do momento fosse ter sonhos cada vez mais vívidos. Dia após dia. Surpresas hão de vir, sim.

Eu a conheci, porém minha vida já havia mudado drasticamente desde então. Motivos eu tinha para estar acordada, só a vontade que nunca foi voluntária. Seria muita sorte do cosmos fazer-me uma pessoa mais feliz; pois tudo tem dois (ou mais) lados, e toda ação tem sua reação. O que lancei, voltou. Um dia me levantei num ímpeto de vivacidade jamais visto, e joguei a bomba para todos: estou apaixonada. Quis que tivessem o mesmo ânimo que eu; quis ser contagiante, e fazer com que todos se sentissem bem... como eu. Por duas semanas, quase que fulgazmente, eu quis mudar o mundo. São dias após dias, e minha paixão fazia todo o sentido.

Até que me despertei e senti que faltava um calor ali. Não o das minhas cobertas, mas o da reciprocidade de vontade, aquela que conquistei. Não soube o que fazer, porque nada poderia ser feito. Pensei em cada lugar onde possivelmente haveria brexas de sol, mas nada fazia sentido mais. Nada faz sentido mais. Talvez meu violão cantasse minhas lamúrias, ou verbalizasse minhas lástimas.

Tudo se vai, e a felicidade é mais curta ainda. A sensatez nunca é duradoura, e a vida faz sentido enquanto o amor é quente.

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