sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Ninfa

Sobre a menina que mal entrou na minha vida e já está de saída. Veramente, ela nunca sairá. Mas creio que ela sabe disso.
Quando eu lhe disse que havia marcado um tom em mim, um ritmo simples, metáforas sonoras, como mariposa de sueño, te pareces a mi alma, y te pareces a la palabra melancolía, ela anunciou sua ausencia; y mi oyes desde lejos, y mi voz te alcanza.
Eu a conheci quando não quis coexistir a vida. Seu brilho áureo me cegou. E cega, eu, ela me ajudou. Me guiou, e seu brilho se tornou um amarelo alegre. Como o fogo.
Como o fogo, nosso relacionamento teve a exata duração de um cigarro. E de outras coisas. Não de um beijo demorado, apaixonado não; eufórico e exaltante; triste; y te pareces a la palabra melacolía; prisioneiro de uma cela dos elos sociais.
Foi uma menina que, se eu não a tivesse conhecido pelo adverso acaso, seria de palavras. De amizades confundidas e ocasionais. Quanta coincidência! Conhecê-la foi a melhor das coincidências.
Ela é melancólica, assim como eu. Uma literata, musa inspiradora. A ânima que me faltava.
Eloquência de menos, nos definiu.
Ela é atemporal, sem cronologia. É diacrônica. Seu tempo é o tempo do mundo e o tempo do mundo é o silêncio. Em seu nascimento, quis nomear as coisas do mundo e assim o fez. Criou uma história para cada coisa, para cada um, e até seu brinco dourado ganhou um conto que começou na vontade e terminou, dourado, em meus lábios. Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo. 
Aqui é o limite do meu conhecimento, da menina que me lembrava o Sol.

Um comentário:

  1. porra, que faço eu com esse tanto? ninguém nunca escreveu nada tão bonito pra mim.

    eu sempre fico com as ausências. é poético, mas triste.

    sem fim nem começo

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