quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Insônia
Comecei a desgostar do nascer do sol. De tantos que já vi, nessa virada do preto para o azul para cores tão claras, são novos inícios. Mas novos inícios marcados de quando acordamos para um novo dia. E se eu não dormi, e meu início não foi marcado?
domingo, 20 de outubro de 2013
Corte
Não penso em descobrir como é cortar a pele humana, escolher uma faca, afiá-la e enfiá-la. Arrastá-la. Aprofundá-la, e arrastá-la mais. Só consigo imaginar. Descobri como é cortar papelão com um estilete, e com canetinha vermelha minha imaginação voou até um filme de suspense. Desses que eu tremo só de ouvir a música do suspense, e grito junto com a vítima - ela agora morta e eu aqui, com medo e com as mãos tampando os olhos: não quero ver. Mas agora eu me imagino no lugar do assassino, cortando uma vítima de papelão. Pode ser o meu rosto, o meu corpo, um boneco de palitos, um desenho surrealista, ou com cortes retos, algo de cubista. E de um papelão grande eu me cortei, porque a vítima sou eu, desenhada com canetinhas esferográficas. E talvez depois disso eu queira experimentar em mim, mas é como nos filmes, a ideia de cortar a pele me deixa nervosa; nem cogito. O que é péssimo, porque eu adoraria, porque não sou uma pessoa violenta.
Vida de cinzas
Eu sei que a culpa é toda minha. Se eu sofro é por mim, se eu me perco é por mim, se eu esqueço é por mim, se eu fraquejo, unicamente por mim. Não há desculpas que possam deduzir ou solucionar ou apenas silenciar o problema. Por mim, eu sinceramente não sei o que faria. Por você, é uma pena, mas você não se inclui nessa história. Então, por mim, eu poderia estar grogue por agora ou por ora, poderia estar faminta, de ideias e de fome, poderia esfriar meu corpo no externo e me manter quente de ira internamente. Não quero congelar ou queimar, mas ah, como eu me queimo de ira, queimo palavras, queimo olhares, queimo cigarros e de mim sai fumaça, pela cabeça, pela boca, pelo ouvido, porque eu quero silêncio, silêncio dentro de mim, então eu queimo, queimo tudo o que tem dentro, e só sai fumaça e cinzas, que estão espalhadas pela casa, pelas roupas, e deixaram minhas roupas cinzas, ou até pretas, e daí são as únicas cores que visto, porque até minhas roupas se queimaram ao entrarem em contato com a minha pele, e dela surgiu uma caveira, porque meu rosto também se queimou, então tenho uma caveira em minha pele, porque a carne já sofreu, agora restam aos ossos, já frios.
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