Você está em um quartinho no meu coração. Mesmo que não fisicamente, como antes, quando costumava transitar por todos os cômodos, e seus passos deixavam rastros iluminados de todas as cores. Jamais houveram passos negros, ou passos em falso, salvo tropeços, mas o que é uma queda quando se tem alguém ali para lhe dar a mão e lhe erguer de novo. Nesta casa eu não dormia; não havia cansaço do amor ou escapatória da realidade, era música em forma de felicidade, e eu dançava sem me cansar ou deixar de me divertir, "essa música só se dança junto".
Às vezes eu me trancava no meu quarto, confabulando contra as vontades, e você batia à minha porta, me chamava para sair, me convidava para copos e abraços. Deixei tudo como estava e fui até você. Não sei se foi o mais correto deixar estar, mas foi a luz que escolhi receber: sua companhia envolvente que tranquilizou qualquer terremoto ou maremoto possível de fazer desabar meu coração.
Mas agora você está nesse quartinho trancado, o qual ainda tenho as chaves de volta às memórias. Ocasionalmente eu o visito, sem saber o motivo de ter ido parar lá. Mas de que adianta entrar, me sentar no chão, encolher os joelhos, fechar os olhos, e reviver os momentos em que aqui estivemos, por mais lágrimas que caiam, por mais carinhos que nos rodeiem, por mais dores que passemos? No quartinho agora só há eu, e você, que não está mais fisicamente. Você, fisicamente, está por ai, transitando por outro coração, alegre e corriqueira, com seus passos, suas cores e suas canções.
Onde estarei no seu coração?
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