sexta-feira, 17 de abril de 2015

Águas não passadas

Pensei ter encontrado
uma camiseta preta velha no fundo do rio, mas era um vulto marinho, fantasma sereia, minha sombra projetada na profundeza.

Achei ter avistado
o outro lado do oceano do alto do meu prédio, mas eu via uma alma andante, intercultural, no fim da rua.

Acreditei ter abafado
todos meus gritos debaixo da cachoeira, mas eu fui ouvida, porém pranto rejeitado.

Cogitei ter descoberto
maneiras de me desafogar das vontades ansiosas, sabedoria, sublimar criação, mas este é só o primeiro passo para além da aceitação.

Suportei ter de aceitar
lidar com a decisão alheia, afogo, engasgo, cuspo, respiro, dor, mas esta é quase a superfície do que é gostar do outro.

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