segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Asas

Agradável seria ter asas, para voar pelo céu em dias claros, acompanhando o movimento das nuvens. Ter a ilusão de alguma consistência e me deitar nas nuvens, para cair em falso. Fingir que são leitos, e confundir sua maciez alva com sonhos de um dia ensolarado.

Excitante seria ter asas, velozes, para protestar contra o mundano e traiçoeiro. Para correr em direção ao solo, como se as asas fossem pés de um corredor, como se o vento que me confronta fosse o corredor do limite da vida. Fazer como se fosse suicídio. Pretender um choque, mas surpreender a poucos metros do chão, e voar, de novo, para o céu.

Gentil seria ter asas, e voar, planar, como um aviãozinho de papel, de acordo com a brisa, maestra, sobrevoando um planalto - terra plana, terra lisa, terra de quem quer ver o céu sem restrição. E calmamente, olhar para baixo, para àqueles que me olham também. Sentir-se ao mesmo tão grande quanto pequeno. Tão igual.


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