quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Crer para ver

Eu não conheço a Raiva. Não gostaria de ter uma amizade com alguém cujo nome se inicia com uma consoante tão complicada quanto o "r" - em cada parte do mundo é de um jeito, de um diferente tipo de esforço.
Mas é do feitio dessa pessoa aparecer, puxar uma conversa, mesmo você querendo distanciar-se; mas ela não deixa. A Raiva é persuasiva, cabeça manipuladora, lhe dará vingança em troca de sua alma. Apoderar-se-á dela, e lhe deixará fora de si. E você nem perceberá quando tiver deixado sua paz de lado.

Ah, isso sim... Conheço alguém, uma grande amiga minha, que sabe bem do que falo. Desgosta da Raiva, tanto quanto eu, e jamais tive notícias de um ser tão pacificador. Calma, sua inicial é simples - seu som é preciso, bonito quando tem de ser, tranquilo como o silêncio. Ela é como o mar em um dia ensolarado: uma vastidão sem fim que vai e volta, e quando vem forte, acaba-se logo o que não deu para aguentar. O que o mar não suporta? Ela absorve o que vem de ruim, e consegue tirar de cada situação sua própria calmaria - é tudo tão belo, e o que não for... Bom, é a vida!

Mas não se vive somente de uma dessas amizades, e quem me ensinou tal lição foi a Crença. É tempestuosa como a Raiva, e segura como a Calma. O primeiro encontro consonantal de seu nome é de um único som em todo o planeta. Essa menina, criança, não é bonita nem feia, mas adequada a qualquer visão. Não desperta paixão ou atenta à fuga alheia, é confiante de si, e suas melhores armas são as suas palavras. É capaz de convencer a qualquer um a ter ideais puros. Diferente da Raiva, não é universal, é individual. Mas é revolucionária. E para saber levar adiante uma vida assim, leva consigo sempre uma felicidade, para suportar qualquer trapaça do acaso ou do destino; de tal modo como a Calma,
A Crença me fez ver que não há sentimento mais completo do que o amor. E além desse, o próprio.

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