Entendi qual é o meu problema. Não preciso mais que me digam quem eu sou. Deixem-me, que eu descubro.
A necessidade de distrair-me ainda é cotidiana, mas de fatos recentes, que me perseguem e me jogam numa cadeia de memórias e lembranças dolorosas. Quis tentar crescer, superar e substituir as cenas do meu filme, e o que consegui foi empilhar mais ainda os abalos e os exageros.
Decidi rever os pontos cegos, onde eu tropeçava na calçada, os buracos do asfalto, o que os tornava tão vazios e avassaladores. Foi a chuva, foram os carros, as motos, foram as pessoas, os vândalos, foram os baques, o atrito, os estranhos e esquisitos, foram os homens e uma mulher, o "para o que der e vier", foram as moças, o "deixa estar", foram os músicos, os cantores e guitarristas, os bateristas e baixistas, foram os escritores e os poetas, foi a dor e o amor, foi a arte de se apaixonar, o dom de amar.
Olhares inquietos, incessantes, famintos e críticos deram-me um dom, e assim me especializei e me afundei na única arte que predomino. Este é o meu problema: gostar demais.
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