domingo, 20 de setembro de 2009

Comodidade

Não quero mais escrever poemas.
Se tentei ser algo, fui mal sucedida, sim.
Tentei ficar de pé, mas a poltrona sempre foi mais cômoda.
O que fazer quando os pés começam a sangrar de tanto nada fazerem?
Assim não dá mais para caminhar, nem levemente.
Cairá de joelhos, e logo será sua cabeça no chão, envolta pela poça vermelha proveniente de seus pés.
Não tente chegar onde sabe que não chegará. Este esforço sempre foi em vão, conhece os fatos.
Ah, e verá como dirão "Te avisei que não aguentaria."
Se nem ao menos acreditei em meu potencial, por que eu esperaria confiança alheia?
Repito: criança egocêntrica preguiçosa que só o que faz é chorar.
Sua vida é triste, pois não respeita nem as três leis da felicidade.
Conhece seus erros. Por que não tratá-los?
Entendo... A comodidade. Coisa difícil de se cuidar.
Ora, garota, levante-se!
Seus pés se acostumarão, e o sangue cessará.
Aguentará a dor por mim?
Não, sofra. Merece toda a dor do mundo. Sofra, fisicamente.
Só de ser quem é, é um sofrimento. Agora arque com todas as suas consequências.
De nada entende, de nada sabe, de nada conhece. Que pessoa fraca...
Tão frágil que sinto vontade de pegar e apertar, até os cacos de seu coração perfurarem minha pele.
Quanto exagero...
Mas se a vida não a agraciou, será pelo esforço?
Conhece essa palavra?
Sente-se atada a essa cadeira?
Perca seus pés sentada.
Escreva seus sentimentos.
Não se esqueça de mutilar seus braços, suas costas e, principalmente, seu rosto.
Nunca vi tão bonito sangue em minha vida.
Deixe suas olheiras mais escuras que o normal.
Perca o resto de sua saúde.
Abaixe sua imunidade.
Logo não cairá nenhuma gota sequer.

Não vê que enquanto não se levantar dessa maldita poltrona sua vida será uma derrota, um abismo sem fim, depressões e melancolias, um fracasso em todas suas ações?
Ainda questiona o por quê de ser tão feia, em todos os sentidos. Não merece nem uma unha de seu corpo, ou um dia sequer de sua vida.
Sinto nojo de mim mesma. Insensível ou irônica?

Tenham certeza de algo: vou me calar, me isolar.
Não terão motivos para reclamações, para críticas, ou qualquer outra coisa.
Volto ao meu pequeno mundo depois de um ano...
Mas não foi uma luta sair de lá?
Foi uma conquista, mas não encontro mais motivos para permanecer aqui.
Se tenho que me fortalecer, sozinha o farei.
Dependência é comodidade.
Solidão é independência de pensamento.
Em vez de insensível, irônica.

2 comentários:

  1. A companhia que nos é oferecida diariamente é vazia, e mais, rouba nos o precioso momento de silêncio ou, em outras palavras, o auto-conhecimento, entretanto é impossível sentir-se realizado sem ter alguém do lado para compartilhar as mínimas conclusões dessa vida medíocre. O que se pode fazer é escolhar uma companhia certa para cada momento da vida =D

    ResponderExcluir