quinta-feira, 30 de julho de 2009

Paciência

Amigos,
tenham paciência comigo.
Caminho vagarosamente,
mas meus passos são gentis.

A rotina costumeira
faz-me passar despercebida.
Com meu leve gênio,
estou aqui!

Não faço questão da velocidade.
Estou a decidir seu ritmo.
No médio, pois,
com minha característica esperteza.

Suplico, meus caros,
tenham paciência comigo.
Estou no final já,
sem pressa alguma.

A lista

Eu quero...
Quero meu mundo!

Quero me amar,
compartilhar,
almejar,
conquistar,
sonhar alto,
me libertar,
tolerar,
amadurecer,
crescer.

Quero o ápice do amor,
uma beleza única,
paciência,
pesistência,
força,
coragem.

Quero querer.
Quero conseguir.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A lâmina I

A desaprovação de quem admiramos
é a rejeição, por si.
A incapacidade de um ser
é o desastre de sua existência.
Vida repleta de falhas.
Não soube encarar as fronteiras.

Então pedi por meu sangue,
Pedi cegamente por meu sangue.
- Quero vê-lo. Quero vê-lo!
Busquei pela lâmina,
porque as outras maneiras eram ineficazes,
tamanha a decepção que tive por mim mesma.
Estava pronta,
mas minhas mãos tremiam,
e meus batimentos aceleraram.
Sim! Estava apavorada.
Medo do meu sangue.
Um fino corte em minha pele,
e nada.
Outro fino corte em meu dedo,
e nada.
Outro... Não!
E a lâmina caiu.
Minha ansiedade não se dissipou.
Minha angústia permanece.
E a desaprovação
merece o meu sangue.

Quanta covardia,
pequena monstra.

domingo, 26 de julho de 2009

A onda

Me sinto tão medíocre.

Estou abaixo da superfície.
Estou afundando.
A pressão está aumentando.
Os sons estão distantes.
Ouvi meu nome?
Não... Seja realista.
Estou afundando.
Meus pensamentos...
estão...
confusos.
Onde...?

Me sinto tão vulnerável.
Aquela grande onda me derrubou,
me fragilizou,
e não sei como voltar até superfície.

sábado, 25 de julho de 2009

Animal

Animal estranho.
Suas pintas avermelhadas,
que crescem rapidamente,
assustam até o mais delicado ser de sua região.
Provocadas por uma maldição
proveniente da melancolia,
da inferioridade,
da ironia de seu ser,
e da maldade humana.
Suas garras perfuram o ponto mais profundo
de seu próprio coração;
sem dó.
Intencionalmente?
Sua mente dominadora o obrigou.
Pobre animal.
Escravo de seu subconsciente.
Dentro de sua prisão está sua alma,
impossibilitada de dirigir-se ao rei supremo.
Como discutir sobre melhorias, já não sabe mais.
Animal estranho
que vê prazer em seu sangue,
em sua pele rasgada,
em suas cicatrizes,
em qualquer técnica que o transforme
em um monstro.
No ápice de sua formação,
refugiou-se em sua falsa depressão.
Alojou-se lá,
sentindo-se reconfortado
e inquieto.
Local onde despertou.
Soltou sua alma de sua prisão,
e permitiu-se ser selvagem.
Agora...
Monstro, onde está a saída?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

(In)Segurança

Segurança
que me persegue,
me condena,
me violenta.

Insegurança
que me acolhe,
me acalma,
me agrada.

Sentimentos opostos para tal criatura.

A obra

Meu amigo,
seu pseudônimo é a arte.
Em suas prosas
estão as grandes obras.

Como uma pintura,
fico a analisar-te,
a admirar-te,
até me cansar.

Seu sorriso,
como o de uma escultura grega,
faz-te mais ainda
o meu Sócrates.

Mas com o tempo
a obra se desgasta,
e a minha compreensão esvai-se.
Como resgatar sua essência?

Não cabe a mim tal restauração.
Seu pseudônimo é a arte,
e como artista,
meu julgamento é sincero.

Gradiosa obra de arte que és, amigo.
Seus segredos estão ocultos,
assim como meu entendimento.
Continuo a adorar-te.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Amor II - Próprio

Amor
que inspira,
que desperta
e adormece.

Amor
persistente,
ardente
e provocante,

Amor
próprio,
pessoal
e impessoal.

Desgastante,
irritante,
óbvio
e violento.

Amor
que esconde,
encontra
e abandona.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Erupção

A noite
e o ócio me vigiam.

Novamente, garota?
Sim. Sempre.

Na prisão da rotina,
as marcas se extendem.

O vulcão branco em erupção.
Prazer, enfim.

A erupção.
Veja como ficou por onde a lava passou.

Da cabeça aos pés.
Vestígios da punição dos deuses.

O sangue jorrado,
desperdiçado.

Desperte!
O que foi este barulho?

São os trovões da noite
que me vigiam.

Consciência pesada,
dizem os deuses.

A lava cessou,
e a chuva acalmou.

E esta coceira que não passa?
O vulcão tornou-se vermelho.

As imperfeições provocadas
são fatos consequentes de sua derrota.

O vulcão
contra os céus.

Lide com sua erupção, menina,
antes que destrua toda a sua montanha.

E agora, o que foi?!
É o ócio que te ama.

terça-feira, 14 de julho de 2009

A última página do meu caderno

Ambos por Marina (Mochilão com pantufas).

Chama nada
Discursos embriagados. É o quê?
Assisto a todo tempo grudado
na TV

De palavras repetidas à
"vida" que assume papel
de mais cem.

Sinônimos intelectuais para
coisas simples fáceis de
querer entender.

O que todo mundo
que vê, mas finge nem
ao menos perceber.


________________________


Vivo em você.
Leio os seus olhos
que eu componho seus lábios.
Canto seu rosto.

Toco seu corpo
Recito suas pernas
Declamo seus joelhos
Vivo tua mente

Penetro em ti a semente
Passionamente seus
urros racham sua terra fértil
A chuva.

O suor de teu corpo quente, o clima árido.
Êxtase.
A plantação acabou.
É tempo de colheita.

Morro em você.

Poema sobre uma boa trepada
Participação especial de Ana Flávia e Isabela Seabra (Janela para o azul de cima)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Platão

És tão bela
com este seu olhar de desdenho.
Em meio ao caos
permanece com teu límpido rosto,
rosado.
Leve rubro, à minha, então.
Levante teus olhos aos meus,
e verá um longo desvio de conduta
com tua risada,
com tua atenção,
ou com tua calmaria, moça.
Adorável garota,
teus longos cabelos me puxam como se estivesse atada.
Leve consigo meus serviços.
Entrego-me a ti
quando me vires como amante.
Mas a conspiração é cruel,
a favor de minhas escolhas.
Alcibíades me entenderia.
Desejar-te,
teu intelectual, tua beleza, teu caráter, tudo,
faz-me suspirar,
fico sem ar,
perco meu chão e minha mente.
No entanto, bonita,
não te pertenço.
Não te pertencerei.
Meu amor não é destinado a ti.
Seu nome leva-me aos céus,
mas meu amado leva-me a Vênus.
Tens minha paixão, platônica.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Amor I - Fria

Fria
criança garota.

Errada pessoa.
Gélido caráter

O que tens contra o amor?
- Vivo-o. Amo-o!
O que fizestes com o amor?
- Amei-o.
O que dissestes ao amor?
- Que o amo.

Sincero sentimento
para aberrações.

O que o amor tem contra ti?
- Não o entendo. Não o entendo.
O que o amor fez-te?
- Amou-me.
O que o amor te disse?
- Que me ama.
O que o amor te disse?
- "Chama-me, bela moça. Chama-me pelo o que sou, e farei-te feliz."
Chamou-o?
- Apenas quando sinto seu nome.

Que fria és,
pequena monstra.

Febre

Meu corpo está tão quente.
Estranho contraste com minhas mãos frias
de minhas crias
internas.

Meus olhos estão secos.
Não chove há dois dias
em minhas longas vias.
Caia sangue.

Meus braços estão tremendo.
Intensa luta,
consequente multa
contra a batalha.

Meus dedos estão a cair.
Avermelhada foça,
minhas gotas viram poça.
Está no fim.

Meu rosto já está rubro.
Estou ofegante
nesse instante.
É a minha febre.

Minha punição,
compulsão,
impulsão,
e não minha intenção.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Barulho

Barulho.
Som externo,
não materno.

Ruídos
exacerbados,
abafados.

Audição
aguçada,
detalhada.

Calmaria?
Não,
toda em vão.

Êxtase?
Gritos
convictos.

Silêncio.
Presente
ou ausente?

Imploro
sua imensa
presença.

Barulho.
Inocência
de minha vivência.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Pai

Respire fundo, senhor
o ar é traidor.
Não tampe minha boca
senão, já oca, é a minha forca.

O que procede?
Nosso espanto?
Sei que está nas facas de minha cozinha
onde as encontrei, sozinha.

Senhor, agora caminhe pela minha casa.
Vasculhe meus cômodos.
Mas se me procuras,
e quanto às nossas juras?

Podem vê-lo, irmãs?
Eu sei, consciência.
Ao criador, eis nosso direito
avermelhado em nosso peito.

Rejeição

Rejeição
traga-me o poço das emoções.
Enchamos-o juntos
ou deixe esvair.

Diga-me o real.
Não tens o toque de Midas
não sinto o ouro sobre mim
mas sua gélida fala, sim.



Inacabado por falta de sentimentos.

Traição

Estou extasiada.
Traindo a mim mesma,
me encontrei extasiada

A janela azul

Além de minha janela
aberta, fechada, metade
vejo outra janela.

Atrás de sua tela branca
e de seu vidro,
sua cortina azul.

Observo meus homens
além de seus panos
vigiando-me.

Através de sua janela
aberta, metade,
condenam-me.

Fechada, amargurada.
O sol bate, reflete,
vem a mim.

Por entre a cortina azul,
meus homens espiam-me,
e fecham-se.

Compulsão

Acendam as luzes.
No desconforto do escuro
não consigo me ver
E os vultos de minhas mãos?

Melhor assim.
No clarão
sou viciada em meu corpo
compulsiva por minha pele.

Quem apagou-as?
São loucos?
Deixem-me assim.
Em meus devaneios obscuros, preciso de luz!

Volto ao branco
mas o negro permanece.
O meu corpo não cede
e meu controle desaparece.

Apaguem as luzes, imploro.
Acendam as luzes, me contradigo.
Não, cessar fogo!
Fecho os olhos, e assim está.