sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Águas

A fim de limpar seu vazio, encontrou o refúgio da indução de lágrimas. Ali ficou por poucas horas, quando reconheceu ser maior que o próprio buraco. Este já cheio, de tanto chover nesses dias nublados e sombrios que encobriam sua situação.
Uma decisão repentina faz-te acordar e mudar de espaço, pois a caminho do destino encontra os verdadeiros choques modernos. Analisava com carinho o anel que lhe foi presenteado por um homem - simples -, e que olhava fundo em seus olhos. Mas sentia o peso desse olhar em seus dedos, além da gélida brisa que apavorava mais ainda a alma perturbada.
A conduta da indução levou-a à verdadeira cachoeira, perdida em selvas distantes, onde apenas corajosas (ou medrosas) pessoas encontrariam.
Em meio a tantos significados, tantas interpretações, tantas pessoas e sons, achou, finalmente, o melhor refúgio de todos que havia experimentado. Ah, seus remédios foram rebaixados, mas os exaustos não esquecerão!
E aqueles lábios que não lhe foram prometidos àquela noite... Encostaram em seu rosto, em seus lábios. Os lábios que eram seus amores e horrores. Onde se perderam, céus. Estes que balbuciavam em seu ouvido, beijavam-lhe na nuca...
Enquanto subia para o triste caminho para casa, solitária e parcialmente afogada em seu poço e em sua cachoeira perdida, imaginou o imaginável. O pior que sua mente poderia proporcionar. O masoquismo sempre atraiu suas especiais atenções; mas não nesta noite. Exausta, não queria estar assim. Não construiu uma represa. Veio pensando nas melhores ideias para liberar as correntes, mesmo que seja metaforicamente, da maneira mais estranha que pôde fazer, mas nada, nada que realmente transparecesse o fundo do buraco. Água suja, é o que as cidades fazem.
A própria água que contamina seus ideais, e que purifica seus valores e inspirações.
Sucumbiu entre as bolhas, e com persistência, está nadando contra todas suas próprias correntezas para alcançar o fundo do poço.

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