quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Carta ao amor

19 de outubro de 2009
Doce amor,

Sinto muito por enganar-te desta forma, mas esta é uma carta pré-suicídio. No momento em que renegou-me a felicidade, a televisão nunca pareceu-me tão cinza, as pessoas nunca estiveram tão distantes, os livros escritos com letras tão ilegíveis, e o papel com formas tão ameaçadoras. Sinto o medo sempre presente, e o esquecimento também. Medo de que esqueça minhas singelas palavras.

Não há razão para permanecer acordada, porém dormir é aterrorizante. Não são os pesadelos, é a sua ausência em meus sonhos. Esquecer-te jamais, pois nunca esteve tão dentro de mim, e meu amor por você adentra cada vez mais no infinito.

Mas o que fazer? Peço perdão pela minha incapacidade, mas creio ter avisado-te antecipadamente sobre minha falta de ser. Acredite, fui feliz. Também sofri, e como sofro! Mas jamais, jamais negarei seu poder sobre mim. Coitados aqueles que colocam a negatividade do ódio sobre este doce amor. Não arrependo-me, mas alegro-me simplesmente de ter vivenciado o mais puro e belo de todos os sentimentos com tão poucos anos de vivêcia. Entristeço-me em perder meu último e mais precioso feixe de alegria. Perder a alma; nem assim seria pior.

Sinto falta de todos os aspectos. Acredito não ser uma sensação recíproca, mas sim aliviante. Como me perco em seus olhos quando sabia que me fitavam com carinho; e deu seu abraço feito sob medida. Das vezes em que, abobados, ficamos deitados, sorrindo, para deixar um pouco da paixão escapar, de tão imensa, ora conversando normalmente, ora pelo olhar. Lembra da nossa primeira e mais inocente noite juntos? Ao acordar disse-me "Você está aqui!", me abraçou e fechou os olhos novamente, com um leve sorriso.

Como fui ingrata! Você me deu o mundo; seu mundo, e eu fui fria por não perceber. Minhas desculpas dou junto com meu sangue, por serem maior que meu corpo. Tudo relacionado ao doce amor vai além de qualquer matéria física ou entidade espiritual. Simplesmente é o amor. Ensinou-me a ver a simplicidade da vida, e cega de orgulho não vi. Qual a diferença entre ver e enxergar? Creio não ser possível avançar no auto-conhecimento por agora, senão esta carta não será nenhum aviso prévio, será o próprio.

Mas que poder tenho sobre as suas decisões? Quero que seja feliz, compensando o que não fomos, em partes. Sabe como não desejo o mal a ninguém. Eu não te conheço mais e vice-versa.

Será eterno meu primeiro amor. Sempre iludi-me em ser o último, mas eu sei, não é assim. Minha condição, única, não se adepta a nós no momento.


Meu doce amor,
te amarei até minha última gota de sangue.

2 comentários:

  1. o texto é lindo... mas espero que não seja sério!
    nada é tão ruim que não possa melhorar...

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  2. Eu te amo como nunca amei ninguem, e saiba que eu nunca fui tão feliz na vida como quando eramos felizes.

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